1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

RENAMO quer entendimento nas negociações e estabilidade

29 de setembro de 2016

Ivone Soares, líder da bancada parlamentar do maior partido da oposição em Moçambique, a RENAMO, defendeu em Lisboa que o seu partido quer entendimento nas negociações de paz e estabilidade no país.

https://p.dw.com/p/2QhzQ
Mosambik Ivone Soares
Ivone SoaresFoto: DW/J. Carlos

A comunidade moçambicana na diáspora segue com angústia o arrastar das negociações entre os principais partidos políticos. Os moçambicanos radicados em Portugal exortam a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), e a RENAMO, principal partido da oposição, a privilegiarem a via do diálogo para que seja encontrada uma solução de paz.

À margem de um debate, em Lisboa, sobre "Justiça Económica”, Ivone Soares, líder da bancada parlamentar da RENAMO, disse à DW África que o conflito político-militar em Moçambique tem propiciado um clima de terror no país. A deputada denuncia a existência de esquadrões da morte, criados pelo regime no poder, para abater qualquer cidadão que pense contrário e critique a má governação da FRELIMO.

Entendimento nas negociações visando a paz

Mosambik Friedensverhandlungen Renamo Mitglieder
Delegação da RENAMO nas negociações de pazFoto: DW/L. Matias

Para Ivone Soares a RENAMO deseja um rápido entendimento nas negociações para a paz e a estabilidade em Moçambique.

"A expetativa é que haja um entendimento o mais rápido possível porque para nós é importantíssimo que se resolva a questão da governação das seis províncias onde nós ganhámos as eleições. E também achamos que é imperioso que Moçambique possa ter forças de defesa e segurança que sejam, efetivamente, republicanas e não ao serviço de um partido em particular." A líder da bancada parlamentar do partido dirigido por Afonso Dhlakama acrescentou ainda na entrevista que "resolvidos estes dois aspetos, garantindo a integração e reintegração da nossa força residual, que desde o Acordo Geral de Paz reforçado pelo Acordo de Cessação de Hostilidades de 2014 – que visava integrar todos os homens e mulheres que estiveram a lutar pela democracia do lado da RENAMO nas forças de defesa e segurança no geral –, havendo condições para esta integração não se vai mais falar de homens armados, porque nós não temos nenhum interesse em ter homens que estão à espera dessa integração como podem pensar algumas pessoas.

Implantação de uma cultura do medo em Moçambique

A dirigente da RENAMO exortou a uma resolução rápida do diferendo que opõe o Governo da FRELIMO e o principal partido da oposição moçambicana. Ivone Soares denunciou em Lisboa a pretensão do partido no poder de implantar uma cultura de medo no país. À DW África disse que tem recebido ameaças à sua integridade física.
"Sinto-me ameaçada e sinto que os membros do meu partido têm estado também a ser ameaçados. Vivemos numa situação de terror porque há, realmente, esquadrões da morte que foram criados pelo regime [da FRELIMO] para abater qualquer cidadão que pense contrário, que critique abertamente as suas posições, as políticas de má governação que tem estado a implementar nos últimos 40 anos. Isto naturalmente que tem que ser combatido. Isto passa por haver um entendimento… porque não podemos continuar com este cenário em que as pessoas são perseguidas e baleadas só por pensar diferente dos membros da FRELIMO."

Mosambik Ivone Soares
Ivone Soares no fórum sobre "Justiça Económica" promovido pela Casa de Moçambique em LisboaFoto: DW/J. Carlos

Ivone Soares, que já foi vítima de um atentado, defende a resolução dos problemas de fundo se se quiser sair da espiral de violência em que vive Moçambique.

 "É preciso resolver os problemas de fundo. E os problemas de fundo centram-se exatamente nesta questão de governação das seis províncias, que, como se sabe, recorrentemente vamos às eleições e elas são sempre fraudulentas. Não podemos continuar com este cenário. É preciso garantir que a democracia multipartidária funcione em Moçambique."

RENAMO e a escalada da violência

Mas a DW África questionou a deputada, até que ponto a RENAMO tem quota parte de responsabilidade em relação à escalada de violência que se regista em Moçambique?
"Se nós somos perseguidos é claro que temos que estar preparados para nos autodefender. E numa situação de confrontação não há ninguém que fica parado à espera de ser atacado pelo seu adversário. Naturalmente que estamos numa situação de audodefesa e temos que evitar que o nosso adversário ganhe terreno para dizimar-nos a todos. A nossa grande expetativa é que as forças governamentais mandem que todos os militares que têm estado a ser retirados dos quartéis para irem promover confrontações com os nossos membros sejam imediatamente enviados para os quartéis porque é lá onde deve ser o lugar deles e não estarem a promover situações de terrorismo de Estado no país", destacou Ivone Saores.

A líder da bancada parlamentar da RENAMO falou à DW África à margem de um fórum sobre "Justiça Económica" promovido pela Casa de Moçambique.

Ivone Soares e elementos de outros partidos políticos moçambicanos participam em Lisboa na inauguração da nova sede da UCCLA – União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa e da América Latina, dirigida pelo português Vítor Ramalho.

28.09.2016 Ivone Soares-Portugal - MP3-Mono

 

Saltar a secção Mais sobre este tema