Líderes do leste europeu reforçam apoio ao povo ucraniano
16 de março de 2022Os primeiros-ministros da Polónia, República Checa e Eslovénia encontraram-se esta terça-feira (15.03) com o Presidente da Ucrânia, em Kiev, na primeira visita de líderes estrangeiros à capital ucraniana desde o início da invasão russa, a 24 de fevereiro. Antes do encontro, Volodymyr Zelensky admitiu que o seu país não deverá integrar a NATO.
Enquanto os ataques da Rússia se multiplicam, as negociações de cessar-fogo prosseguem e Moscovo tenta reagir às sanções impostas pelo Ocidente, os líderes do leste europeu foram pessoalmente à Ucrânia levar a mensagem de que Kiev não está sozinha.
Após o encontro com Zelensky, o primeiro-ministro polaco, Mateusz Morawiecki, encorajou a União Europeia (UE) a "dar muito rapidamente o ‘status' de candidato" à Ucrânia. "Nunca vamos deixá-los sozinhos. Vamos estar convosco [ucranianos], porque sabemos que vocês não estão a lutar apenas pela vossa liberdade, pela vossa casa e pela vossa segurança, mas também por nós", declarou.
O chefe de Estado ucraniano disse confiar no futuro da Ucrânia na UE. "Estamos 100% certos de que tudo o que discutimos atingirá os seus objetivos para o nosso país, a nossa segurança e o nosso futuro."
O encontro em Kiev ocorreu num dia de novos ataques russos na capital ucraniana, com bairros residenciais a serem atingidos. Dezenas de pessoas morreram, segundo as autoridades.
Mais sanções contra a Rússia
Por causa da intensificação dos ataques, a União Europeia anunciou esta terça-feira um novo pacote de sanções contra a Rússia. Entre os sancionados está o multimilionário Roman Abramovich, dono do clube de futebol inglês Chelsea.
Mas Moscovo também vai impor sanções contra o Ocidente. Os principais visados são o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, entre outros altos responsáveis de Washington.
Os Estados Unidos, no entanto, mantêm o seu apoio à Ucrânia. O Presidente Joe Biden liberou mais de 13 mil milhões de dólares em ajuda à Kiev para "aliviar o sofrimento" ucraniano.
A Casa Branca informou que Biden vai deslocar-se à Europa, na próxima semana, para discutir a guerra com os aliados da NATO, numa altura em que a Comissão Europeia admitiu que este é o momento para repensar a estratégia de defesa no continente.
Ministros da Defesa da NATO voltam a reunir-se
Os ministros da Defesa da NATO realizam esta quarta-feira uma reunião extraordinária em Bruxelas. O encontro vai focar nas recentes alegações de Moscovo sobre a existência de armas químicas no território ucraniano.
Tais alegações foram categoricamente negadas pelo secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, esta terça-feira: "Durante meses, temos exposto a longa lista de mentiras da Rússia. Afirmaram não ter planeado invadir a Ucrânia, mas fizeram-no. Afirmaram que estavam a retirar as suas tropas, mas enviaram ainda mais. Afirmam estar a proteger os civis, mas estão a matar civis."
"Agora estão a fazer afirmações absurdas sobre armas químicas na Ucrânia. Isto é apenas mais uma mentira. E estamos preocupados que Moscovo possa encenar uma operação de falsa bandeira, possivelmente incluindo armas químicas", lembrou ainda.
Antes do encontro com os líderes do leste europeu, esta terça-feira, o Presidente da Ucrânia reconheceu que o país não poderá integrar a NATO, uma das exigências da Rússia para terminar a guerra.
"A Ucrânia não é um membro da NATO. Ouvimos durante anos que as portas estavam abertas, mas também ouvimos dizer que não podíamos aderir. Esta é a verdade e temos de a reconhecer", disse.
Volodymyr Zelensky disse que as negociações de cessar-fogo com a Rússia prosseguem e admitiu a possibilidade de um acordo de paz até maio. A guerra na Ucrânia já causou quase 700 mortos e provocou a fuga de cerca de 4,8 milhões de pessoas, segundo os mais recentes dados da ONU.