Atentado em Nice abala França
15 de julho de 2016Na noite de quinta-feira (15.07), a comemoração do feriado nacional da Tomada da Bastilha, que marca o início da Revolução Francesa, teve um fim trágico em Nice, no sul do país.
Um camião em alta velocidade passou por cima das pessoas aglomeradas na Promenade des Anglais, uma avenida junto ao Mar Mediterrâneo. O motorista manteve o trajeto ao longo de dois quilómetros até ser alvejado pela polícia. "O camião chegou e esmagou toda a gente", contou uma testemunha.
A multidão saiu a correr pelas ruas próximas e pela praia. A portuguesa Fátima Lopes presenciou o ataque e ficou horrorizada ao ver tantas crianças mortas.
"Estava cheio de mortos. Vi mais de 50 mortos. Foi horrível. Toda a gente gritava, a fugir para todos os lados. Foi um pânico terrível", contou à agência de notícias Lusa.
O motorista do camião foi identificado pela polícia como Mohamed Lahouaiej Bouhlel, um francês de origem tunisina de 31 anos. O agressor não estava a ser vigiado pelos serviços de inteligência franceses, mas tinha cadastro na polícia por roubo e agressão com arma.
Solidariedade internacional
O presidente francês, François Hollande, decidiu prorrogar por mais três meses o estado de emergência no país, imposto depois dos ataques de Paris no ano passado. "Enfrentamos uma longa batalha, porque temos um inimigo que vai continuar a atacar todas as pessoas e países que têm a liberdade como um valor essencial", declarou.
Líderes mundiais reagiram ao ataque demonstrando solidariedade aos franceses. A chanceler federal alemã, Angela Merkel, lamentou que a comemoração de um dos mais importantes feriados nacionais franceses tenha terminado num massacre.
"A Alemanha está ao lado da França na luta contra o terrorismo. E eu estou muito confiante de que vamos vencer apesar das dificuldades", disse.
O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, garantiu que a França pode contar com a instituição e com os outros membros da União Europeia na luta contra o terrorismo.
Em África, a tragédia comoveu a população da Costa do Marfim, que também já sofreu com ataques terroristas. "Realmente peço que as autoridades francesas tomem todas as medidas necessárias, porque na França não vivem apenas franceses, mas o mundo inteiro: camaroneses, marfinenses, gaboneses, ganeses e muitos outros", afirmou uma moradora à DW África.
Laurent Kibora, da Associação Iniciativa pela Paz no Burkina Faso, diz que as autoridades em África e na Europa têm de redobrar os esforços para combater o terrorismo.
"Apresentamos as nossas sinceras condolências ao povo francês. O ataque de Nice mostra que os terroristas ainda estão dispostos a percorrer longos trajetos para semear o terror e a morte", afirmou.
Diversos países europeus anunciaram que irão reforçar as medidas de segurança nas fronteiras e no interior do país. A Alemanha vai aumentar os controlos na fronteira com a França, além de estradas, ferrovias e aeroportos.