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Madeireiros do Niassa contestam concessão de terrenos a empresa chinesa

Ernesto Saúl (Lichinga)11 de dezembro de 2014

Associações madeireiras alegam falta de transparência na concessão de 32.000 hectares de floresta da cintura verde de Lichinga, no norte de Moçambique. Dezenas de produtores locais dizem agora ter falta de madeira.

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Foto: DW/Ernesto Saúl

O Governo, através da Direção Provincial de Agricultura, concessionou cerca de 32.000 hectares de floresta de pinheiro à empresa chinesa Hui-Hui International, há sensivelmente dois anos, num concurso pouco claro e discriminatório, segundo operadores locais.

Quenesse Ali, presidente da associação madeireira AREPO MADEIRA, critica, por exemplo, o facto de o Governo ter solicitado a cada concorrente pouco mais de nove milhões de meticais (cerca de 220 mil euros) de taxa pela área, valor que, para os associados, é extremamente alto.

"Fomos informados pela Direção Provincial de Agricultura (DPA) que o pinho que ainda existia devia ser para os chineses", diz Ali. "Neste momento, nós não temos madeira como associados", diz Ali.

Ainda não há solução, queixam-se madeireiros

Preocupadas com o problema, as agremiações solicitaram a revisão da modalidade de pagamento. O pedido foi autorizado pelo governador David Malizane, mas a revisão jamais foi executada, segundo Mendes Sozinho, da associação madeireira AFORG.

"O governador autorizou que pagássemos pelo sistema 'pré-pago' [em prestações], mas foi pedido também o pronunciamento da DPA. O processo ficou parado", conta.

Mosambik David Malizane, Gouverneur von Niassa
David Malizane, governador do NiassaFoto: DW/Ernesto Saúl

Pressionada, a Direcção Provincial anunciou, há um ano, o adiamento da exploração madeireira pela empresa Hui-Hui International. No local pode-se ver apenas a mega-cerração, instalada mas inoperacional, sem proprietários e funcionários. Ainda assim, na prática os pequenos madeireiros continuam impedidos de prosseguir com as suas atividades.

O que fazer?

Eusébio Tumuitiquile, diretor da DPA, diz, no entanto, que já existe uma saída à vista: "Continuamos a apoiar em forma de pré-pago, porque eles mostraram incapacidade para fazer uma exploração industrial ou mais empresarial."

O Conselho Empresarial do Niassa aponta a necessidade de uma parceria público-privada eficaz e efetiva.

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"Acho que se devia encontrar um meio-termo. Tudo é pacífico se as pessoas se sentarem, conversarem e encontrarem um bom caminho", lembra Manuel Gaísse, do Conselho Empresarial.

Sobre o assunto, o jurista Celso Diogo sugere a atribuição da área a quem realmente tenha capacidade. As associações locais, segundo disse, seriam as privilegiadas.