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História

"Madgermanes" indignados com chefe da diplomacia alemã

Romeu da Silva (Maputo)24 de novembro de 2015

Durante visita a Moçambique, Frank-Walter Steinmeier disse desconhecer o dossier dos ex-trabalhadores da antiga República Democrática da Alemanha, que reivindicam direitos perdidos no regresso a Moçambique.

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Chefe da diplomacia alemã, Frank-Walter Steinmeier, com o ministro moçambicano da Indústria e Comércio Max Tonela (esq.)Foto: DW/R. da Silva

A Associação dos ex-Trabalhadores da antiga República Democrática da Alemanha, também conhecidos como “madgermanes”, não gostou das palavras do ministro alemão das Relações Exteriores, Frank-Walter Steinmeier. De visita a Moçambique, o diplomata alemão foi confrontado com a questão dos “madgermanes” (ou também “madjermanes”) - que se arrasta desde meados da década de 90 - e afirmou que desconhece as divergências entre o grupo e o Governo moçambicano.

Steinmeier afirmou não saber nada sobre o dossier dos ex-trabalhadores, que reivindicam o pagamento de 60 por cento do salário que descontavam para Moçambique. “Há seis anos que estou no Governo e, durante esse tempo, nunca fui consultado nem solicitado por parte do Governo alemão ou de Moçambique, bem como dos ex-trabalhadores da RDA sobre este diferendo”, disse o político alemão.

O posicionamento causou alguma estranheza aos “madgermanes”. Zeca Cossa, presidente da Associação dos ex-Trabalhadores na antiga RDA, diz ter ficado “indignado” com Steinmeier.

“De certeza que tem de haver uma manifestação à porta de casa dele para saber se há conhecimento da causa ou não”, afirma Cossa, considerando que a situação “é estranha”. “No dia 12 de setembro de 2015 houve uma manifestação em plena capital alemã, Berlim. Até filhos nossos que lá ficaram participaram no desfile, bem como muitos moçambicanos que estão na Alemanha”, lembra o presidente da associação dos “madgermanes”.

Zeca Cossa - ehemaliger DDR-Vertragsarbeiter
Zeca Cossa, presidente da Associação dos ex-Trabalhadores da antiga RDAFoto: DW/Romeu da Silva

Ministro alemão devia ter-se informado antes da visita, dizem "madgermanes"

A manifestação em Berlim, a 12 de setembro, visava pedir explicações sobre o andamento do dossier dos “madgermanes”. Estes antigos trabalhadores da ex-RDA descontaram na Alemanha do Leste 60 por cento do seu salário para ser pago em Moçambique. O valor era referente à segurança social, abono de família, indemnização por rescisão de contrato, juros de mora, entre outras.

Problemas que, segundo o presidente da associação, o diplomata alemão deveria ter estudado antes de visitar Moçambique. “Ele devia saber que vem a um país onde há milhares de cidadãos que estiveram na Alemanha, que desenvolveram aquele país, a melhor mão-de-obra possível, barata”, diz Zeca Cossa. “Como é que ele ficou cego, surdo e mudo?”, pergunta.

O presidente da associação dos “madgermanes” refere ainda que independentemente de ser novo ou não no Governo, o diplomata já devia conhecer este dossier, uma vez que “todos os processos que a ex-RDA tinha com os seus parceiros são assumidos pelo Estado que a engoliu, que hoje é um Estado único. Ele é ministro no seu Estado Federal da Alemanha”.

A DW África tentou, sem sucesso, contactar a embaixada da Alemanha em Maputo para reagir a este caso.

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