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Mali: Observadores saúdam levantamento das sanções da CEDEAO

Saleh Mwanamilongo | Lusa
7 de outubro de 2020

A Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental levantou as sanções contra o Mali, impostas após o golpe militar de 18 de agosto. CEDEAO garantiu esta terça-feira que pretende apoiar o processo de transição.

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CEDEAO destacou a nomeação de Bah Ndaw como Presidente de transiçãoFoto: Amadou Keita/Reuters

Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) destaca os progressos dos últimos dias no Mali, incluindo a nomeação e investidura de Bah Ndaw como Presidente de transição e a nomeação de Moctar Ouane, um civil, para o cargo de primeiro-ministro.

Mas para Alioune Tine, fundador do "think tank" Afrikajom, o levantamento das sanções chega tarde. "O Mali encontra-se numa situação muito vulnerável com os problemas de segurança, os conflitos assimétricos. Penso que a CEDEAO deveria repensar a questão das sanções e orientá-las melhor, para evitar situações como a que estamos a viver no Mali", argumenta.

Entre as sanções impostas a 20 de agosto, dois dias depois do golpe militar, estavam o encerramento das fronteiras dos Estados-membros da CEDEAO com o Mali e a suspensão dos fluxos comerciais e financeiros com o país. 

Vitória para a Junta Militar?

O levantamento das sanções foi anunciado um dia depois da formação do Executivo de transição, no qual os militares ocupam pastas-chave, incluindo a Defesa e a Segurança.

Para o cientista político do Benim Victor Topanou, a decisão da CEDEAO é uma vitória para a Junta Militar que tomou o poder no Mali, "no sentido em que permaneceram no poder com o vice-presidente e, no Governo, mantiveram as pastas mais importantes. Assim, sentem que, de uma forma ou de outra, foram legitimados interna e externamente através da CEDEAO", explica.

O levantamento das sanções chega, no entanto, acompanhado de dois pedidos: a dissolução do Comité Nacional para a Salvação do Povo, que reclamou o poder em agosto, após o afastamento do então Presidente, Ibrahim Boubacar Keita, e a libertação de todos os responsáveis militares e civis detidos desde o golpe.

Malische Geiseln befreit | Soumaila Cisse
Soumaila Cissé, sequestrado em março, terá sido libertado no norte do MaliFoto: Boubacar Sada Sissoko/AP Photo/picture-alliance

Libertação de Soumaila Cissé

A nomeação do governo marca uma nova etapa no processo de transição que deverá durar 18 meses. Mas a incerteza política parece estar longe do fim – também com a reentrada em cena do opositor político Soumaila Cissé.

Esta terça-feira (06.10), Cissé, que tinha sido sequestrado em março, foi alegadamente libertado no norte do país, entre muita especulação em torno de uma possível troca de prisioneiros, depois de o Governo ter libertado, no fim de semana, cerca de 180 extremistas islâmicos. Em troca, além de Cissé, os rebeldes terão libertado também uma trabalhadora humanitária francesa sequestrada em 2016.

Emmanuel Bensah, analista da CEDEAO e da União Africana, condena as alegadas negociações. "Acho que esta oferta é uma má jogada da parte do Governo. Não precisamos de libertar extremistas islâmicos em troca de qualquer coisa. Acho que este tipo de negociações não favorece a sub-região", diz.

Até ao momento, não houve qualquer comentário do Governo do Mali sobre a alegada libertação de Soumaila Cissé. As negociações para a sua libertação pareciam ter estagnado depois do golpe militar contra Ibrahim Boubacar Keita, que derrotou Cissé nas eleições de 2013 e 2018.

E embora já tenha sido escolhido o governo civil de transição, há novas eleições à vista até 2022 no Mali – que poderão renovar a esperança política de Soumaila Cissé.

Maliano regressado de França luta pelo seu sonho