Mali prepara eleições presidenciais com ajuda da comunidade internacional
8 de julho de 2013
A campanha que coloca em debate 27 candidatos arrancou no domingo (07.07), mas os observadores estão em dúvida quanto às condições para a realização do sufrágio eleitoral marcado para 28 de julho.
O golpe de Estado e o conflito armado não só devastaram o país, como também forçaram milhares de pessoas a abandonar as suas aldeias. Muitos edifícios públicos que albergavam as administrações ficaram destruídos, os postos da polícia continuam ocupados por grupos rebeldes e os arquivos desapareceram ou foram queimados.
Os observadores admitem mesmo que algumas pessoas não consigam exercer o direito de voto. “Estamos em vias de acumular muitas frustrações com as pessoas a quererem respeitar a lei, mas não conseguem, porque as infraestruturas oficiais desapareceram”, comenta à DW África Mamadou Diamountani, presidente da Comissão Eleitoral.
“Estamos preocupados com as reações que possam surgir no início ou no fim do escrutínio”, afirma, acrescentando que a realidade aconselha mais tempo para a organização do escrutínio presidencial.
No entanto, a comunidade internacional mostra-se pronta para ajudar o Mali a levar o processo eleitoral a bom porto.
Ajuda internacional a caminho
A Alemanha e outros países da União Europeia (UE) querem trabalhar em conjunto com um Governo maliano democraticamente eleito, como comenta Dirk Niebel, ministro alemão da Cooperação para o Desenvolvimento.
"É um desafio difícil e emocionante se essas eleições acontecerem em todo o território maliano. E para nós devem ocorrer de forma rápida, mas que sejam especialmente credíveis. Exigimos sempre esses princípios nas conversações políticas mantidas até agora", asseverou.
Vários técnicos da ajuda alemã ao desenvolvimento estão envolvidos no apoio à preparação das eleições no Mali. Henner Papendieck, que dirigiu um projeto no norte do país antes da eclosão da guerra, aconselha políticos e líderes tradicionais malianos nas conversações com os doadores em Bamaco, a capital, sobre os procedimentos a tomar para minimizar os efeitos da destruição.
"Os presidentes das autarquias que estão nos campos de refugiados devem regressar antes do escrutínio para que possam trabalhar no processo eleitoral nas suas regiões", sugere. “Atualmente são 20 dirigentes municipais que se encontram nos campos de refugiados na Mauritânia e no Burkina Faso. Se esses 20 autarcas regressarem às suas regiões, o processo eleitoral poderá ser mais fácil e assim a tensão pode baixar de forma significativa", indica o alemão.
O Governo alemão já se mostrou disponível para cooperar financeiramente com 100 milhões de euros para 2013 e 2014, mas frisou que primeiro é necessário estarem asseguradas os requisitos de segurança para a realização do sufrágio.
Últimos preparativos em curso
A MINUSMA, a missão de estabilização da ONU no Mali, encontra-se no terreno, nomeadamente com contingentes da República do Benim e da República da Guiné, para criar condições para o dia eleitoral.
Em Kidal, um dos redutos dos rebeldes tuaregues, uma comissão mista de segurança também trabalha com o mesmo objetivo.
"Estamos a acantonar e a desarmar as forças separatistas e desse modo a tentar assegurar o desenrolar do processo eleitoral e mesmo a fase pós-eleições. São etapas: primeiro acantonar, desarmar e em seguida o exército irá ocupar as instalações deixadas pelo movimento e finalmente facilitar a realização do escrutínio", explica o capitão Modibo Traoré, porta-voz do exército maliano.