1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW
EducaçãoMoçambique

Manica: Mais de 380 alfabetizadores sem salário há meses

Bernardo Jequete (Chimoio)
8 de setembro de 2021

Hoje é Dia Mundial da Alfabetização, mas na província de Manica mais 380 alfabetizadores não têm motivos para celebrar. É que estão há oito meses sem receber os seus subsídios. Governo promete o pagamento para breve.

https://p.dw.com/p/403TQ
Mathematik Mosambik
Foto: DW/J. Beck

Os alfabetizadores da províncía central de Manica dizem que o que dinheiro que recebem é pouco - mesmo assim, o subsídio a que têm direito deixou de ser pago em fevereiro. Uma das pessoas com que a DW falou pede ao Governo ajuda urgente. 

E por medo de represálias falou em anonimato: "Desde que nós começámos a trabalhar até agora, o subsídio ainda não saiu. Estamos a pedir que nos ajude a ter força de dar aulas aos alunos, com toda a vontade e amor".

"Desde oito de fevereiro até este mês ainda não temos o subsídio. Com essa fome e a Covid-19, estamos a passar mal. Pedimos ao Governo para nos ajudar. Precisamos de aumento também", lamentou. 

Por mês, o subsídio que estes alfabetizadores costumam receber ronda os 650 meticais, 8,60 euros.

Outra alfabetizadora diz que, por ter deixado de receber, foi obrigada a procurar outros trabalhos para conseguir colocar o pão na mesa. São trabalhos que desempenha em paralelo com a alfabetização de adultos.

Também pediu o anonimato, por medo de represálias: "O subsídio é muito baixo e atrasam muito a dar. Este ano ainda não recebemos os subsídios e estamos a trabalhar, ainda estamos à espera. Precisamos de sabão para lavar a roupa que vestimos para o trabalho, e isso está a ficar muito difícil".

Alta taxa de desistência

Esta quarta-feira (08.09), assinala-se o Dia Mundial da Alfabetização. Mas, em Manica, a preocupação é grande.

Além da falta de pagamento dos subsídios, e dos subsídios serem baixos, os alfabetizadores dizem que há uma alta taxa de desistência dos alunos, que está relacionada com problemas estruturais no setor. Segundo os alfabetizadores, falta material didático, salas condignas e incentivos para os adultos continuarem a estudar, pois muitos têm de trabalhar no campo.

Beira usa machimbombos como salas de aula depois de ciclones

Os alfabetizadores dizem que, no início do ano letivo, há sempre entre 50 e 60 alunos numa turma e no final já só restam 10 ou 15. Neste ano letivo houve também um decréscimo de 10,4% no número de inscrições – rondaram as 11 mil.

Governo promete pagamento em breve

O diretor provincial da Educação e Desenvolvimento Humano de Manica, Baptista Francisco, diz estar ciente deste problema, e também da falta de pagamento dos subsídios.

O pagamento será feito em breve, promete: "Penso que é uma situação que se vai  resolver e dentro de dias também iremos pagar. Já estamos a trabalhar nisso e vão ser pagos os subsídios dos alfabetizadores".

Baptista Francisco diz que "a questão dos subsídios, de facto, também é uma preocupação legítima dos alfabetizadores, é um subsídio que reconhecemos que é baixo, mas ao nível do Ministério já está em discussão o valor do subsídio pago aos alfabetizadores".

Segundo o diretor, neste ano letivo foram recrutados menos alfabetizadores do que em 2020, por problemas económicos e por causa da pandemia da Covid-19. Ao todo, foram contratados 387 alfabetizadores, contra 439 no ano passado.

Desafios da educação em Moçambique