UNITA convoca manifestação
23 de agosto de 2012O receio de que as eleições gerais do próximo dia 31 de agosto não sejam transparentes, livres e justa é geral no seio das formações políticas que participam na corrida. E algumas delas têm estado a denunciar irregularidades cometidas pela Comissão Nacional de Eleições, CNE. A União Nacional para a Independência Total de Angola, UNITA, o maior partido da oposição, convocou, por isso, uma manifestação para este sábado, 25 de agosto, segundo disse à DW África o porta-voz do partido, Alcides Sakala: “Achámos por bem organizar esta manifestação para defesa da legalidade, para a defesa da paz, para que efetivamente se ultrapassem as questões que preocupam não só a UNITA, mas a sociedade na sua totalidade e também alguma opinião internacional”.
Num comunicado divulgado esta semana, a UNITA lista um conjunto de irregularidades, entre elas a auditoria mal feita do registo eleitoral. Na opinião do partido, esta impede a certificação da correção do número de eleitores. Até ao momento, a CNE também não divulgou os cadernos eleitorais. Outro facto que preocupa a UNITA é a segurança do banco de dados eleitorais na posse da CNE, que segundo o porta-voz Sakala, está a ser gerido pela empresa espanhola Indra, ligada ao partido governamental Movimento pela Libertação de Angola, MPLA.
UNITA já apresentou queixa formal
A UNITA já apresentara queixa na passada sexta-feira, tanto à CNE, como à missão de observadores da comunidade económica da África Ocidental, SADC, e a representantes da comunidade internacional. Em resposta, o órgão eleitoral criou uma comissão para analisar a queixa e fazer recomendações. No entanto, está marcada também uma contramanifestação do partido governamental – à mesma hora e no mesmo local. Uma situação que não preocupa a UNITA, segundo o porta-voz, Alcides Sakala, que afirma que o “Galo negro” quer “manter um discurso positivo”, e acrescenta: “Vamos continuar a fazer pressão no sentido para que a lei seja respeitada”. Se ela tivesse sido respeitada, diz ainda, “teríamos evitado todo este processo que embaraça o processo político angolano"
Manifestações em Angola costumam ser fortemente reprimidas
Desde que começaram, em 2010, as manifestações contra o governo de José Eduardo dos Santos têm sido fortemente reprimidas. Registaram-se também vários casos de intimidação prévia. O rapper angolano Ikonoclasta é um dos nomes ligados à onda de manifestações. Promete, juntamente com muitos outros jovens, estar do lado da UNITA no sábado, disse à DW África: “há de ser, supostamente, a maior (manifestação) de todas até agora”. O músico lembra que a UNITA é o único partido capaz de convocar uma ação de protesto para o país todo. “Mas vamos juntar-nos a este protesto não por ser da UNITA, mas porque reivindica um momento de soberania popular”.
A contramanifestação do MPLA
A mais recente manifestação organizada pela UNITA ocorreu em 19 de maio passado. No que concerne à contramanifestação organizada pelo MPLA, Alcides Sakala reage: “É uma ilegalidade. A constituição de Angola não fala de contramanifestações”. Sakala fala de um “reflexo da natureza ditatorial do Governo” e afirma: ”Isso enquadra-se no que eles próprios chamam de arruaça." O maior partido da oposição, conclui, não receia violência nem confrontos e empurra a responsabilidade para quem os fizer.
Entretanto, a Comissão Nacional Eleitoral (CNE) de Angola, anunciou ao fim da tarde desta quinta feira (23.08) em Luanda que considera "infundadas" as reclamações da UNITA e apelou ao partido do Galo Negro para que colabore para que o processo eleitoral decorra com toda a normalidade. O anúncio foi feito pela porta-voz ,Júlia Ferreira, após cerca de cinco horas de reunião para discutir as queixas do principal partido da oposição angolana.
Autora: Nádia Issufo
Edição: Cristina Krippahl/António Rocha