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Maputo: População pede soluções para alagamentos constantes

18 de abril de 2024

Ainda há bairros periféricos de Maputo com casas debaixo da água quase uma semana depois das fortes chuvas. Populares puseram barricadas nas rodovias para exigir ações concretas como a construção de valas de drenagem.

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Lagoa de "Sentinhama"
Lagoa de "Sentinhama" Foto: Romeu da Silva/DW

A lagoa de "Sentinhama" no bairro das Mahotas, mais a norte de Maputo, transbordou com as últimas chuvas de 7 de abril e inundou várias residências.

Populares estão revoltados com as frequentes visitas das autoridades municipais e exigem soluções. Katia Honwana, residente no bairro, é o rosto da revolta.

"Estamos cansados das vossas visitas. Baixem as visitas sem solução, por favor. O que nós queremos é uma solução, por favor. O que nós queremos não é a cara do vereador, queremos uma solução", apela.

A lagoa de "Sentinhama" surgiu nas cheias de 2000. Desde então, residentes ao seu redor foram sendo afetados e transferidos. Agora, por causa das recentes chuvas, uma escola próxima teve de encerrar seis salas de aula.

Escola próxima da lagoa de "Sentinhama" inundada após fortes chuvas
Escola próxima da lagoa de "Sentinhama" teve de encerrar salas de aula após fortes chuvasFoto: Romeu da Silva/DW

Para quando soluções concretas?

O morador Rafael Matsinhe também quer soluções mais concretas para este problema. "A melhor solução é a vala. Moto-bombas e tubagem são coisas que vão aliviar a população, mas a solução é a vala. Se acham que não querem fazer nada não venham aqui tirar fotos, deixem-nos sofrer", diz.

No bairro da Maxaquene C, que faz fronteira com a zona urbana de Maputo, o município construiu uma bacia de retenção de água. Mas esta ideia não está a surtir efeitos porque as casas continuam alagadas. Populares impediram, na semana passada, mais uma ação do município para a sucção das águas.

Marta Artur, residente no bairro, quer o encerramento da bacia. "Abriram esta bacia, mas o que está a acontecer é que ela acabou destruída e alagou todas as casas lá no meio e já estamos frustrados", desabafa.

Bairro de Hulene
Novas ruas e residências no bairro de Hulene também foram afetadas pelas chuvasFoto: Romeu da Silva/DW

Bairro de Hulene também foi afetado

No bairro de Hulene há novas ruas e residências que também foram afetadas pelas últimas chuvas. O bairro localiza-se numa colina. Por isso, Amélia Souto só tem uma alternativa: abandonar a sua casa.

"Estou preocupada com tudo isto porque estou a ver que é toda esta zona. Esta última chuva, que foi intensa, acabou atingindo todas estas casas e as pessoas tiveram de sair deste lugar e a água está a alastar-se cada vez mais", lamenta.

O ambientalista Lário Herculano defende a construção de valas de drenagem até ao mar para onde as águas devem ser direcionadas. "Esquecemos que a natureza é mãe. A água sempre passa pelo lugar que passou, sempre irá passar, sempre irá procurar um caminho para passar", lembra.

O engenheiro Diniz Juízo diz que na capital Maputo cada um constrói como quer. "Cada um faz o que entende em função da sua capacidade. Uns fazem bloqueio das águas naturais e outros simplesmente empurram o problema para o vizinho. E o vizinho empurra também à sua maneira, até que muitas vezes os primeiros a chegar são os primeiros afetados", afirma o professor universitário.

O balanço dos estragos das chuvas na cidade de Maputo