MCK: Novo álbum, novas críticas
13 de agosto de 2018Há mudanças políticas em Angola? "A série é a mesma, só estamos numa nova temporada", responde MCK.
O rapper angolano tem um novo álbum, intitulado "Valores". O trabalho foi apresentado este domingo (12.08) em Luanda e sucede-se a "Proibido Ouvir Isto", lançado há cinco anos, o disco que tornou célebre o tema: "O País do Pai Banana".
Com o novo álbum, MCK quer ajudar a "devolver" a Angola valores culturais, económicos, sociais e morais. O disco, com 16 faixas musicais, aborda temas como a liberdade, a integridade, a justiça e a transparência.
O rapper diz que não espera muito do novo Governo, passado quase um ano desde as últimas eleições, a 23 de agosto de 2017.
"Nós estamos a ser governados por um partido que está no poder há mais de 40 anos. Então, estamos a falar das mesmas pessoas. Houve uma transição presidencial-partidária, não temos ainda uma transição de regime", conta em entrevista à DW África.
"O filme é o mesmo"
Também o rapper Mente Mágica, conhecido no mundo lusófono por ganhar batalhas no concurso de freestyle "Reis do Rompimento" e amigo de MCK, não vê ainda grandes mudanças, apesar de reconhecer "um pouco de mais abertura" no país.
"Até agora o filme é o mesmo. Houve troca de personagens", embora seja ainda cedo "para fazermos um julgamento sério do novo Governo porque ainda não tem um ano", admite. "Mas a verdade também é que não devemos alimentar esperanças falsas. Melhor do que tudo é esperar para ver."
MCK espera mais da população do que da governação: "Só se tem democracia forte quando tu tens boas exigências. Então essa é a altura, pelas aberturas políticas que temos - temos de tirar a nossa cidadania do 'modo de voo' e meter no vibrador ou deixar tocar alto".
Formado em Filosofia e Direito, o músico admite a possibilidade de abraçar um projeto político nos próximos tempos, à semelhança do rapper moçambicano Edson da Luz "Azagaia" que, em 2009, se candidatou a deputado pela lista do Movimento Democrático de Moçambique (MDM) no círculo eleitoral de Maputo.
"Não descarto a possibilidade de me candidatar, uma vez que reúno os requisitos suficientes para que, no futuro, abrace um projeto político", diz.