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MDM: Chipande "deve esclarecer" ligação com suposto golpista

António Cascais
22 de maio de 2024

Presidente do MDM, Lutero Simango, afirma à DW que não ficou satisfeito com as explicações apresentadas por Alberto Chipande sobre a suposta ligação ao alegado líder golpista na RDC.

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Lutero Simango, presidente do MDM
Foto: Marcelino Mueia/DW

Três dos alegados envolvidos na suposta tentativa de golpe de Estado na República Democrática do Congo (RDC), incluindo o congolês Christian Malanga, que liderou o movimento, aparecem em registos oficiais como detentores, desde 2022, de negócios no setor da mineração em Moçambique.

Consta também que Malanga teria ligações com Alberto Chipande, um destacado membro do partido no poder, a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO).

Mas Alberto Chipande, explicou, entretanto, em comunicado, através da Fundação Alberto Joaquim Chipande, que não incorreu em qualquer ilegalidade. Admitiu ter recebido o cidadão congolês, Christian Malanga, de "boa-fé", mas frisou que não tem qualquer vínculo com ele, exigindo mesmo que Malanga seja investigado.

Em declarações à DW África, Lutero Simango, presidente do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), na oposição, diz que estas explicações não chegam. Simango desafia o Conselho de Segurança a convocar o general Alberto Chipande para prestar declarações sobre a sua ligação com Malanga.

DW África: Está satisfeito com as explicações apresentadas pela Fundação Alberto Joaquim Chipande?

Lutero Simango (LS): O problema não é ficar satisfeito ou não. Esta é uma situação real, de indivíduos envolvidos numa tentativa de golpe num Estado-membro da SADC, concretamente a República Democrática de Congo, que têm residência conhecida em Maputo. E são indivíduos que têm relações provadas com determinadas figuras políticas moçambicanas e até do setor empresarial.

General Alberto Chipande
General Alberto Chipande garante que não tem qualquer vínculo com suposto líder golpista congolêsFoto: Roberto Paquete/DW

É justo e correto que [Alberto Chipande] preste declarações às autoridades moçambicanas para explicar as relações que tem com esses indivíduos, como se conheceram, em que base, para que o Governo possa esclarecer [este caso] aos moçambicanos. Porque isso também mexe com várias sensibilidades e muito em particular com as relações de Moçambique com os países vizinhos - neste caso em concreto, com o Congo.

DW África: Na sua opinião, este episódio pode colocar em causa a reputação do Estado moçambicano?

LS: Pode, sim. E nós não podemos continuar a ser conhecidos como maus da fita. É preocupante que estes indivíduos [envolvidos na] tentativa de golpe de Estado tenham residência conhecida em Moçambique. É uma preocupação.

DW África: Os suspeitos ter-se-ão aproveitado de algum caos e de alguma impunidade em Moçambique? Acha que o Governo tem culpas no cartório?

LS: Pode ter ou não. Enquanto não se esclarecer como eles viviam e sobreviviam em Moçambique, com quem lidavam em Moçambique e quais eram os negócios que praticavam no país e com quem, é óbvio que isso é uma preocupação que vai persistir. É por isso que defendemos que o general Alberto Joaquim Chipande deve colaborar para esclarecer essa situação.

DW África: O Instituto Nacional de Minas disse que os três suspeitos, apontados como proprietários de empresas em Moçambique, não constam do cadastro mineiro. Mas há indícios de que entidades, até estrangeiras, exploram ilegalmente minérios. O que diz isto sobre a organização do setor e quem o tutela?

LS: Nós sempre dissemos que o mercado informal em Moçambique não é praticado por quem está numa esquina a vender batata doce ou mandioca. O mercado informal é praticado [fortemente] na exploração dos nossos recursos.

Isso [levanta] mais uma vez preocupação. Por isso se deve se investigar esses indivíduos, com quem se relacionavam e que negócios praticavam. Isso é importante. E fico triste ao ouvir esse comunicado do Instituto Nacional de Minas.

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