Mediador pede que se resolva impasse político noutros sítios
13 de maio de 2015Os representantes do executivo moçambicano e do maior partido da oposição já se reuniram 104 vezes no Centro de Conferências Joaquim Chissano, em Maputo. Mas, até agora, continua a haver divergências quanto à despartidarização do aparelho de Estado e à desmobilização do braço armado da RENAMO.
"Nós fizemos o que podíamos", diz Filipe Couto, um dos mediadores do diálogo. Agora, será preciso "entregar" o dossier ao Parlamento ou ao Presidente Filipe Nyusi e ao líder da RENAMO, Afonso Dhlakama, "para que resolvam o resto", segundo o padre.
"Parecem galos"
A culpa do impasse político não é nem de Nyusi, nem de Dhlakama, afirma o mediador. Até aqui, ambos têm feito a sua parte: "Encontraram-se, falaram e tenho a impressão de que acordaram alguma coisa." O padre acusa, por outro lado, os representantes do Governo e da RENAMO de falta de humildade para chegar a consensos durante as rondas negociais no Centro de Conferências.
"Parecem galos, que em vez de fazer com que as galinhas tenham pintos, estão-se a bater", diz Filipe Couto. "Quando um lado diz sim, o outro diz não. Quando um diz não, o outro diz sim."
A cada ronda que passa, "estamos a vir, fazer pausa, tomar café, voltar. Depois declaramos às pessoas que estamos no encontro '102', como se fosse um louvor. Mas, na verdade, é uma derrota vergonhosa."
Os moçambicanos não querem ver encontros, refere Couto. Eles querem ver acordos políticos.
Lourenço do Rosário também quer alargar diálogo
O porta-voz dos observadores, Lourenço do Rosário, mostra-se igualmente agastado pela falta de consensos no diálogo político entre o Governo e a RENAMO. O académico tem sugerido, tal como o padre Filipe Couto, que se alargue o diálogo político a outras entidades.
"Nós já fizemos sentir isso não só ao líder da RENAMO como ao próprio chefe de Estado: é preciso alargar o âmbito [do diálogo], para não desmoralizar as conversações que estão a decorrer", afirmou. "Nós sentimo-nos totalmente sem graça quando a sociedade nos pergunta o que está a acontecer."