Mendicidade cresce em Quelimane e preocupa sociedade moçambicana
12 de setembro de 2014
“À noite não comi, não tenho forças, por isso tenho de procurar alguma coisa”, diz um mendigo nas ruas de Quelimane à DW África.
Um outro cidadão lamenta: “saí às 7 horas para procurar alguma coisa [para comer] mas não consegui nada.”
O número de idosos que pedem nas ruas na capital da província da Zambézia, centro de Moçambique, poderá situar-se num parâmetro entre os 80 e os mil.
Para atenuar o problema, a Associação dos Deficientes Moçambicanos (ADEMO) exige que o Governo procure parceiros para criar um centro específico, onde apenas às sextas-feiras, os mendigos possam ir buscar alimentos, ao invés de circularem nas ruas, em cadeiras de rodas, de bengalas, acompanhados por menores de 15 anos de idade para pedir esmola.
“O objetivo é ajudar as pessoas com deficiência, as pessoas que mendigam rua a rua”, para assim reduzir o risco de mortes de idosos, em locais públicos, por acidentes de viação, fome e cansaço de tanto circularem, justifica o presidente da ADEMO, Jorge Emílio.
Nesse sentido, a Direção Provincial da Mulher e da Ação Social na Zambézia está a preparar um encontro com agentes económicos da província para apoiar a iniciativa.
“Estivemos com a Direção Provincial do Comércio, na pessoa do chefe do departamento, para ver se convidávamos a associação dos comerciantes, no sentido de juntarmos sinergias para lutar contra a mendicidade nos centros urbanos da nossa província”, detalha Moisés Caetano, chefe de departamento da Ação Social daquela instituição. “Esperamos que alguma coisa mude”, acrescenta.
Crianças também pedem nas ruas
Nas ruas de Quelimane, a reportagem da DW África também encontrou um menor que confessou andar “à procura de comida para comer”.
Segundo a ADEMO, é necessário impedir que as crianças acompanhem os idosos para pedir esmola nos centros urbanos.
Trata-se de uma prática perigosa, considera Jorge Emílio, que pode prejudicar o futuro das crianças.
“Se a criança não vai à escola, não tem tempo para brincar nem conhece os seus direitos, no futuro, vai continuar também na mendicidade. Assim semeia-se a própria mendicidade”, adverte o presidente da ADEMO.