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"Miau" deixa liderança da CASA-CE e fala em conspiração

5 de fevereiro de 2021

O presidente da coligação eleitoral CASA-CE, André Mendes de Carvalho "Miau", anunciou hoje a renúncia do cargo, mas prometeu continuar a trabalhar para o grupo parlamentar da terceira força política em Angola.

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Foto: DW/B. Ndomba

André Mendes de Carvalho "Miau", que esteve menos de dois anos no cargo, disse esta sexta-feira (05.02), numa conferência de imprensa, em Luanda, que foi alvo de uma "conspiração" levada a cabo pelos líderes de quatro partidos que o convidaram a liderar a coligação depois do afastamento de Abel Chivukuvuku, em fevereiro de 2019.

O político diz que deixa a liderança da coligação de "consciência tranquila" e garante que continuará a representar a Convergência Ampla de Salvação de Angola - Coligação Eleitoral (CASA-CE) na Assembleia Nacional, onde é deputado. 

"Mandei uma carta aos quatro líderes dos partidos, dizendo que vou pôr o cargo à disposição do Colégio Presidencial, e praticamente sinto já que não sou presidente da CASA-CE. Continuo a ser militante. Serei um elemento do grupo parlamentar da CASA-CE."

Demissão já era esperada

No início desta semana, a destituição de Mendes de Carvalho já era dada como certa. A CASA-CE entrou em "letargia" com "Miau" na presidência, disse  em entrevista à DW África Simão Makazo, o líder do Partido Democrático para o Progresso e Aliança Nacional de Angola (PDP-ANA), que integra a coligação. 

Por isso, justificou, já estava na hora de destituir o líder da CASA-CE para dar lugar a alguém que possa "a breve trecho" trazer "dinamismo" e "alavancar" a força política.

"Essa lamentação dos militantes obrigou a direção da CASA-CE a pedir a demissão do presidente 'Miau', para ser substituído por um outro", afirmou Makazo.

Angola André Mendes de Carvalho "Miau"
André Mendes de Carvalho "Miau" durante uma conferência de imprensa em Luanda, esta sexta-feira: "A CASA não morreu"Foto: Borralho Ndomba/DW

Esta sexta-feira, Mendes de Carvalho denunciou uma "conspiração" para o afastar.

"Penso que temos um vice-presidente da CASA com aspirações de ser presidente. Como já disse, não é crime nem pecado. Mas deve fazer as coisas de maneira própria  e não dizer que o trabalho está fracassar", afirmou "Miau" aos jornalistas.

"Também devo dizer para vosso esclarecimento o seguinte: dizem que a CASA morreu. A CASA não morreu. A CASA desenvolve neste momento outro trabalho, que é este trabalho aturado de edificação. Fui, por exemplo, a Cabinda. Houve muito receio na altura, se iríamos a Cabinda ou não, se iríamos ser bem recebidos ou não, mas tivemos bastante sucesso", sublinhou.

Transformar a CASA-CE em partido

No entender de "Miau", o maior obstáculo da CASA-CE é a sua transformação em partido, criando uma frente unida forte no xadrez político nacional.

"Se não houver transformação, mais cedo ou mais tarde cada um vai seguir o seu rumo. A única maneira de a coligação continuar unida é manter essa chama da transformação acesa", disse.

Internamente avançam-se dois nomes para suceder a "Miau" na liderança da CASA-CE: Rafael Aguiar, secretário executivo nacional da coligação, e Manuel Fernandes, um dos vice-presidentes da CASA-CE e presidente do PALMA.

A coligação eleitoral é composta por seis partidos políticos, nomeadamente o Partido Nacional de Salvação de Angola (PNSA), Partido de Aliança Livre de Maioria Angolana (PALMA), Partido Pacífico Angolano (PPA), Partido de Apoio para a Democracia e Desenvolvimento de Angola - Aliança Patriótica (PADDA-AP), Partido Democrático para o Progresso e Aliança Nacional de Angola (PDP-ANA) e o Bloco Democrático (BD).

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