Europeus e africanos vão cooperar contra tráfico humano
13 de maio de 2022A conferência reuniu, ao longo de três dias, 150 representantes de 18 países, incluindo Alemanha, Burkina Faso, Costa do Marfim, Espanha, Guiné-Conacri, França, Itália, Líbia, Mali, Mauritânia, Nigéria, Senegal e Chade.
Esta foi a terceira conferência regional de diretores gerais e chefes das forças de segurança, bem como altos funcionários da justiça no âmbito da Declaração de Niamey, como é conhecido o mecanismo acordado em março de 2018 na capital do Níger para melhorar coordenação contra o tráfico.
Participaram ainda em palestras membros da União Europeia, da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) e do Gabinete das Nações Unidas contra a Droga e o Crime (UNODC).
Os participantes no evento, que decorreu na capital do Senegal, assumiram o compromisso de melhorar a recolha de dados e o intercâmbio entre países, a inclusão dos Ministérios da Justiça, juntamente com os da Defesa e do Interior, para uma melhor coordenação entre a Polícia e o Ministério Público, assim como o reforço da quadros legislativos.
Da mesma forma, os participantes destacaram a importância de identificar as práticas de recrutamento de vítimas de tráfico de pessoas e candidatos à migração irregular, que é cada vez mais realizado através da Internet e das redes sociais.
"Neste momento, o recrutamento é feito através de amigos ou familiares e redes relacionadas à família, mas o primeiro contacto, além do 'boca a orelha', é digital, é o telemóvel", sublinhou à agência EFE o diretor regional da ONUDC para a África, Amado Philip de Andrés.
Investigações conjuntas contra tráfico de pessoas
O diretor regional do ONUDC explicou que o mecanismo da Declaração de Niamey visa conceber campanhas de prevenção nas redes sociais, uma medida significativa tendo em conta que mais de 70% da população do continente africano tem menos de 30 anos e são utilizadores de telemóveis.
Amado Philip de Andrés referiu ainda que a conferência analisou como promover investigações conjuntas sobre as redes de tráfico de pessoas e contrabando irregular de migrantes.
E também a necessidade de promover a adesão de mais países à Declaração de Niamey, para permitir a 'caça' às redes criminosas naqueles territórios.
Já o diretor da Polícia Aérea e de Fronteira do Senegal, Mame Seydou Ndour, lembrou que "muitas pessoas já foram vítimas de contrabandistas de migrantes na Internet, quer no Facebook, Skype ou outras redes sociais".
A Declaração de Niamey visa melhorar a coordenação e eficácia operacional das respostas a estes crimes, nomeadamente apoiando ainda mais os esforços dos países de origem e trânsito, reforçando a recolha de dados, a cooperação judiciária internacional e a cooperação policial.
Os seus domínios de intervenção são os quadros legal e legislativo, o reforço dos instrumentos operacionais nacionais e o reforço dos controlos fronteiriços, entre outros.