Milhares de migrantes resgatados do Mediterrâneo
15 de abril de 2017Na sexta-feira (14.04), foram concluídas 19 operações de resgate de três pequenas lanchas de madeira e 16 barcos insufláveis, sendo que num dos botes foi encontrado o corpo de um jovem.
Segundo fontes da Guarda Costeira italiana, o adolescente foi encontrado sem vida no fundo da lancha, tendo o seu corpo sido recuperado durante o resgate realizado pela embarcação "Aquarius", operada pela organização Médicos sem Fronteiras (MSF).
Esta organização não governamental (ONG) escreveu no Twitter que as embarcações "Prudence" e "Aquarius" estão a realizar operações no Canal da Sicília, a faixa de mar que separa a Itália da costa africana, tendo já resgatado mais de mil migrantes.
"Os estados da União Europeia continuam a fechar os olhos" e em 2017 "o mar continua a ser um cemitério", criticou ainda a associação em outras publicações naquela rede social.
Por outro lado, a Guarda Costeira italiana, que coordena as operações de resgate nesta área do Mediterrâneo, informou que o número de pessoas socorridas deve continuar a aumentar nas próximas horas, já que estão em andamento várias operações de salvamento.
Cenário semelhante na costa grega
Este sábado (15.04), a guarda-costeira grega escoltou um bote com cerca de 50 migrantes no mar Jónico em direção à ilha de Cefalónia. A embarcação foi detetada pela manhã e encontrava-se à deriva.
De acordo com o gabinete de imprensa desta força de segurança da Grécia, os passageiros, cujo número exato e nacionalidade ainda são desconhecidos, parecem estar "de boa saúde".
O mar Jónico é um braço do mar Mediterrâneo que separa a Grécia de Itália. Nos últimos meses tornou-se a principal porta de entrada dos migrantes e refugiados, após o encerramento da rota dos Balcãs e a entrada em vigor, em março de 2016, do pacto União Europeia-Turquia, que reduziu de forma significativa o fluxo migratório proveniente deste país em direção às ilhas gregas do mar Egeu.
ONGs alvo de acusações
O diretor da Agência da Gestão da Cooperação Operacional nas Fronteiras Externas dos Estados-membros da União Europeia (Frontex) criticou recentemente as organizações não governamentais que auxiliam migrantes ao largo da Líbia, dizendo que incentivam o tráfico e colaboram mal com a polícia.
O número de mortos ou de pessoas desaparecidas no Mediterrâneo, provenientes da Líbia, já atingiu os 666 desde o início do ano, tendo sido de mais de cinco mil em 2016, de acordo com os dados mais recentes da organização internacional para as migrações.
Segundo dados divulgados pela Fundação italiana ISMU, instituto independente que estuda os fenómenos migratórios, nos primeiros três meses do ano chegaram a Itália 24 mil migrantes, dos quais 2.293 eram menores não acompanhados.
Estes números representam um aumento de 30% nas chegadas de migrantes a Itália em relação ao mesmo período do ano passado.