Burkina Faso: Milhares expressam apoio ao regime militar
29 de setembro de 2023Um ano após o capitão Ibrahim Traoré ter chegado ao poder através de um golpe de Estado, os manifestantes reunidos na Place de la Nation, na capital Ouagadougou, brandiam bandeiras do Burkina Faso, do Mali, do Níger - três países governados por regimes militares - e da Rússia, bem como cartazes com a efígie do capitão Traoré, segundo a agência de notícias francesa, AFP.
"Nós, o povo do Burkina Faso, decidimos tomar o assunto nas nossas próprias mãos, exigindo uma mudança na base legal da nossa nação, a Constituição", disse Moussa Sanfo, um dos porta-vozes da Coordenação Nacional das Organizações da Sociedade Civil do Burkina Faso (CNOSC-BF), que organizou a manifestação.
Em muitos cartazes lia-se: "Uma nova Constituição para uma nova geração" ou "Ibrahim Traoré, em frente pela soberania".
"Não queremos mais a Constituição herdada da França, um país imperialista e colonizador", disse Mahamadi Sawadogo, presidente da Amicale Burkina-Russie.
A Rússia é um dos países de que o regime burquinense mais se aproxima, sobretudo depois de ter obtido a saída das forças francesas do seu território, em fevereiro.
Golpe frustrado
Os manifestantes denunciaram igualmente as tentativas de desestabilização da transição.
Na quarta-feira, o Governo anunciou que tinha frustrado uma tentativa de golpe de Estado, antes de prender quatro oficiais, estando outros dois ainda em fuga, e de ser aberto um inquérito pela justiça militar.
Outras manifestações ocorreram em Ouahigouya (norte), Kaya (centro-norte), Fada N'Gourma (leste), Bobo-Dioulasso, Banfora e Dédougou (oeste).
As manifestações decorrem na véspera de ser cumprido um ano após a tomada do poder pelo capitão Ibrahim Traoré, a 30 de setembro de 2022.
Traoré substituiu o tenente-coronel Paul-Henri Sandaogo Damiba, que tinha tomado o poder oito meses antes, derrubando o Presidente eleito Roch Marc Christian Kaboré.
No início de julho, já se tinham realizado manifestações de apoio ao regime em todo o país.
"Os ocidentais construíram as suas Constituições em torno da sua história. Por isso, temos de voltar às nossas raízes", declarou o primeiro-ministro do Burkina Faso, Apollinaire Joachimson Kyelèm de Tambela, em meados de junho.