Missão da ONU na RDC denuncia ataques contra pessoal
11 de fevereiro de 2024Num comunicado emitido, a chefe da MONUSCO, Bintou Keita, condenou "a série de ataques contra o pessoal das Nações Unidas" e pediu às autoridades congolesas "uma investigação com o propósito de processar os autores".
Vários veículos da ONU foram "saqueados e incendiados", disse Bintou Keita, sublinhando que "as ameaças e ataques contra o pessoal das Nações Unidas e as suas famílias são inaceitáveis".
A MONUSCOlembra que o seu pessoal está na República Democrática do Congo (RDC) para "contribuir para a consolidação da paz e a melhoria das condições de vida das populações".
No sábado (10.02) realizaram-se várias manifestações em Gombe, um dos distritos de Kinshasa onde se localizam embaixadas e escritórios de organizações internacionais, como a ONU.
De acordo com os meios de comunicação locais, jovens em fúria incendiaram veículos propriedade de embaixadas de alguns países, como Costa do Marfim, e da MONUSCO.
Os manifestantes expressavam o seu descontentamento com o que consideram ser a indiferença da comunidade internacional perante o drama humanitário e de segurança que se vive no leste do país.
O ministro do Interior da RDC, Peter Kazadi, condenou os "atos de violência" na capital e apelou à "calma" da população.
Os recentes avanços do grupo rebelde Movimento 23 de Março (M23) na província de Kivu do Norte, no nordeste do país, agravaram o conflito e a crise humanitária.
O M23 é um grupo rebelde composto principalmente por tutsis congoleses.
Depois de um conflito entre 2012 e 2013, as autoridades e o grupo assinaram um acordo de paz, embora a milícia tenha lançado uma nova ofensiva em outubro de 2022 que levou a uma grave crise diplomática entre a RDC e o Ruanda, acusado de financiar estes rebeldes, algo que Kigali negou categoricamente.
Segundo a organização não-governamental (ONG) Save the Children, a escalada de violência no leste da República Democrática do Congo forçou pelo menos 150.000 pessoas a deslocarem-se desde 02 de fevereiro, das quais 78.000 eram crianças.