Moçambique aposta no fomento da exportação de carvão
7 de julho de 2011Há alguns anos que a região de Moatize, na província central de Tete, em Moçambique se tornou um pólo de atração de investidores estrangeiros apostados na exploração de carvão. Neste momento, existem cerca de quarenta empresas mineiras, destacando-se as gigantes brasileira, Vale (antigamente Vale do Rio Doce), e a australiana Riversdale. Em Maputo, o carvão de Moatize juntou 250 investidores que debateram as formas e os mecanismos de exploração de carvão naquela região de Moçambique.
Hoje, mais do que nunca, há quem acredite que Moçambique possui o potencial para ser um dos maiores, se não o maior exportador de carvão mineral africano. Essa perspetiva fomenta um debate público que inclui diversos círculos sociais, económicos e políticos de Moçambique.
Um possível papel determinante de Moçambique no mercado mundial
O presidente da Associação Moçambicana para o Desenvolvimento do Carvão Mineral (AMDCM), Casimiro Francisco, considera que a expectativa do mercado internacional é muito grande: “O carvão moçambicano vai fazer muita diferença”, diz, e acrescenta: “Neste momento existe já algum problema com o fornecimento a nível mundial. Por volta do ano de 2015 presume-se que haverá um défice de quase 30 milhões de toneladas”. Casimiro Francisco diz que mesmo que Moçambique colmate uma parte do défice, digamos doze ou 15 milhões de toneladas, ainda assim haverá uma falta que pode levar a uma subida de preços. “O que significa que Moçambique pode ser um fator de regulação dos preços a nível internacional”, diz o Presidente da AMDCM.
Na conferência que terminou na quarta-feira, 6 de julho, em Maputo, as empresas estrangeiras manifestaram grande interesse em receber concessões mineiras em Moatize, realça Casimiro Francisco: “Também sob ponto de vista de empreiteiros, prestadores de serviços, consultoria, temos esses parceiros e outras partes interessadas que veem nisto uma grande oportunidade”.
A necessidade de investir nas infraestruturas
Por isso o Porto de Maputo está igualmente a preparar terreno no sentido de facilitar a exportação deste minério a nível da África Austral, diz Jorge Ferraz, presidente do Conselho executivo da MPDC, a empresa encarregada de desenvolver o porto. Ferraz, está convencido de que há que agarrar agora esta oportunidade: “As economias estão a melhorar e agora é altura, depois de as concessões terem sido prolongadas por mais 30 anos, de investirmos e desenvolvermos o porto tal como nós queremos”. Já a empresa pública Portos e Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM) reitera que o problema relacionado com o escoamento de carvão mineral produzido em Moatize terá solução a partir de setembro próximo.
Por seu lado, a brasileira Vale tem planos para iniciar a exportação do seu carvão em setembro. Resta, no entanto, ainda saber como será escada a produção de Moatize até ao Porto da Beira, na província central de Sofala. Rosário Mualeia, presidente do Conselho de Administração dos Caminhos de Ferro de Moçambique, diz: “Na linha do norte, na linha de Sena há muita vontade de trabalhar através de outros interessados que nos darão melhores condições de trabalho” e melhores condições de desenvolvimento.
Entretanto, a Linha de Sena apenas será uma solução de curto prazo para o problema da Vale. Prevê-se que mais tarde, não seja capaz de responder às necessidades nem da própria companhia brasileira, nem de outras empresas que também se encontram em Tete, e que estão, neste momento, ainda na fase de prospeção ou pesquisa de minerais. Rosário Mualeia promete: “Estamos apostados no sentido dos trabalhos não pararem e encontrarmos uma forma mais racional que não faça parar os trabalhos. Queremos um entendimento com o nosso parceiro”.
Autor: Romeu da Silva (Maputo)
Edição: Cristina Krippahl/António Rocha