Famílias pedem libertação de jovens detidos em Gaza
19 de novembro de 2019As famílias lançam um grito de socorro e pedem às autoridades a libertação imediata dos jovens detidos em Gaza, sul de Moçambique, no dia das eleições gerais, 15 de outubro.
Nesta terça-feira (19.11), falando à DW África, a mãe de um deles, que pede anonimato por temer ameaças, alertou em particular para o caso de uma detida, que não tem podido amamentar a filha de seis meses.
"Uma criança de seis meses está a viver com a vizinha. A mãe deixou-a com a vizinhança por pouco tempo, pois no dia seguinte à votação retornava a casa… Mas não aceitaram [libertá-la], nem para que a mãe fosse buscar a criança para amamentá-la. Então, não será um crime eles estão a cometer, desamamentar esta criança de seis meses?"
Esta mãe lembra ainda que há detidos que podem perder o ano escolar, porque os exames finais começam na quarta-feira, dia 20: "Os [alunos] de ensino secundário ainda fazem o exame. Estão a perder a escola."
Detidos membros da oposição
Ao todo, 23 pessoas estão detidas há um mês, alegadamente por terem credenciais falsas para a fiscalização das eleições gerais. Dezoito detidos são do partido Nova Democracia e os restantes da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) e do Movimento Democrático de Moçambique (MDM).
Dentro e fora do país, têm-se multiplicado os apelos à libertação dos detidos. Na segunda-feira, a Amnistia Internacional pediu a "libertação imediata e incondicional" e criticou a transferência dos detidos de Guijá para a penitenciária provincial na cidade de Xai-Xai, algo que, segundo a organização, "parece uma tentativa deliberada das autoridades de ocultar detalhes" sobre o seu paradeiro.
O partido Nova Democracia denunciou esta semana que os advogados de defesa ainda não tinham tido acesso aos processos.
Detidos acusados
A Procuradora-Chefe Provincial, Emília Benedita Chirindza, explicou, entretanto, que os detidos estão já acusados de crimes de falsificação e uso de documentos falsos. Como não se trata de ilícito eleitoral, o caso não é tratado de forma tão célere.
Emília Benedita nega, no entanto, a existência de motivações políticas ligadas às detenções: "Simplesmente, as instituições estiveram diante de um crime e deram seguimento, tal como em qualquer circunstância."
A Procuradora-Chefe provincial diz que o processo foi remetido ao tribunal na semana passada. Sobre a transferência dos detidos, afirma que se trata de um processo normal. E sobre a falta de comunicação aos advogados, a procuradora explica que só defensores constituídos são comunicados e, no caso concreto, não tem informação sobre quem tem procuração para o efeito.