Maputo realiza inquérito para travar propagação da Covid-19
3 de agosto de 2020O Ministério da Saúde de Moçambique lançou esta segunda-feira (03.08) em Maputo um inquérito sero-epidemiológico para apurar o nível de exposição da população da capital à Covid-19 e travar a propagação da doença, anunciou o Instituto Nacional da Saúde (INS).
O diretor-adjunto do INS, Eduardo Samo Gudo, disse à emissora pública Rádio Moçambique (RM) que 11 mil pessoas dos bairros, unidades de saúde, mercados e paragens de autocarros de Maputo serão sujeitas a testes rápidos de exposição à Covid-19, durante o inquérito.
O teste da sondagem indica se a pessoa esteve exposta ou não ao novo coronavírus ou se esteve infetada nos últimos sete dias, mas não diz se está com Covid-19 no momento da realização do diagnóstico, explicou Eduardo Samo Gudo.
A análise é feita com base numa coleta de sangue da ponta do dedo e fornece o resultado em 15 minutos.
O diretor-adjunto do INS avançou que serão testados profissionais da saúde, agentes da polícia, membros de agregados familiares, vendedores de mercados formais e informais, transportadores rodoviários de passageiros e funcionários do Aeroporto de Maputo e do Porto de Maputo.
Qual o objetivo?
Os resultados do inquérito vão permitir o direcionamento de ações de prevenção para os grupos mais afetados pelo novo coronavírus visando travar a propagação da pandemia na capital do país, assinalou Eduardo Samo Gudo.
O responsável destacou a redução da positividade de Covid-19 na cidade de Nampula, norte do país, após a realização do inquérito, como a grande vantagem do inquérito.
"No dia do lançamento do inquérito na cidade de Nampula, em junho, a taxa de positividade era de 12%, mas nas últimas semanas tem estado entre 4% e 5%", frisou o diretor adjunto do INS.
Transmissão comunitária
Eduardo Samo Gudo salientou que a capital do país regista neste momento o maior número de casos de Covid-19 e avança para a transmissão comunitária, o que justifica a realização do inquérito sero-epidemiológico.
O primeiro inquérito foi realizado na cidade de Nampula, o primeiro local de transmissão comunitária do novo coronavírus em Moçambique, seguindo-se a cidade de Pemba, também no norte.
A operação será realizada noutros pontos do país, em função do aumento de casos e do potencial de passagem da transmissão por focos para transmissão comunitária, adiantou o diretor-adjunto do INS.
Cabo Verde lidera nos PALOP
Em Moçambique, a cidade de Maputo lidera em número de casos ativos do novo coronavírus, com 306 casos, seguido da província de Cabo Delgado, com 306, e da província de Nampula, 264 pessoas infetadas.
Com 1.946 casos e 13 mortos, Moçambique ocupa o terceiro lugar da lista dos mais afetados pela Covid-19 nos países africanos que têm o português como língua oficial. Cabo Verde lidera em número de casos (2.547 casos e 24 mortos), seguindo-se a Guiné-Bissau (1.981 casos e 26 mortos).
Angola (1.199 infetados e 55 mortos) e São Tomé e Príncipe (871 casos e 15 mortos) fecham a lista. A Guiné Equatorial, que integra a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), tem 4.821 infetados e 83 óbitos.
África do Sul é o mais afetado de África
No continente africano, a África do Sul é o país mais afetado, com 511.485 infetados e 8.366 óbitos.
O Egito é o segundo país com mais vítimas mortais, (94.483 infetados e 4.865 óbitos), seguindo-se a Argélia, que regista esta segunda-feira (03.08) 30.909 casos e 1.218 vítimas mortais.
Entre os cinco países mais afetados, estão também a Nigéria, que regista 43.841 infetados e 888 óbitos, e o Sudão, com 11.738 casos e 752 vítimas mortais.
Na quinta-feira (30.08), a Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou que o número de casos de Covid-19 em África vai ultrapassar um milhão "nos próximos dias", assinalando que registou um aumento de "50% nos últimos 14 dias".
Depois de a Europa ter sucedido à China como centro da pandemia em fevereiro, o continente americano é agora o que tem mais casos confirmados e mais mortes.
A pandemia de Covid-19 já provocou mais de 689 mil mortos e infetou mais de 18,1 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.