Moçambique: Mulheres do comércio de rua
Celebra-se a 7 de abril o Dia da Mulher Moçambicana, mas as vendedoras de rua não se consideram valorizadas pela sociedade. Para elas, será só mais um dia a lutar pela sua sobrevivência e das suas famílias.
"Sentada a vender para alimentar a família"
Hortência Armando, vendedora de rua na província de Inhambane, não vai comemorar o 7 de abril porque o seu negócio não pode parar. Tem de ganhar dinheiro para sustentar a sua família. Na cidade da Maxixe estará numa das ruas a comercializar os seus vegetais.
A longa caminhada
Também há as vendedoras ambulantes, ir de encontro ao cliente é a aposta delas. Com bacias de frutas, água de coco, amendoim torrado e outros alimentos, circulam pela cidade da Maxixe. A extrema pobreza que se verifica em alguns distritos, por causa da falta de insumos agrícolas, obriga a estas mulheres a procurarem oportunidades nas grandes cidades.
O valor da tecnologia
O smartphone tornou-se um instrumento indispensável no quotidiano de muitas vendedoras. Felizarda Victor, que vende pão, conta que o telemóvel lhe facilita o contacto com os seus clientes e ajuda a encurtar a distância da família. Diz ainda que consegue resolver os seus assuntos sem interromper o seu negócio.
"Somos desprezadas"
As vendedoras passam a maior parte do dia nas ruas das cidades e vilas. Fátima Mário vende amendoim torrado e cozido há cerca de quatro anos em Inhambane, mas diz que não se sente à vontade porque é desprezada, juntamente com as suas amigas, por ser comerciante de rua.
Cruzar os braços?
Só para a foto. Cândida Fernando não é das que normalmente cruza os braços, entende que uma mulher nunca pode depender de terceiros quando tem família para sustentar. Por isso, preferiu revender roupa numa das avenidas da cidade da Maxixe. Compra o vestuário na vizinha República da África do Sul.
"Estou feliz por ser mulher"
Graça Savanguane afirma que está feliz por ser mulher e que não se importa com os preconceitos para com as vendedoras de rua. O dinheiro que ganha a vender maçaroca assada é honesto e ajuda-a a ultrapassar as dificuldades correntes.
Que futuro?
Embora vivam em condições precárias, não desistem de sonhar com um futuro melhor. A esperança começa nas ruas, carregando bacias com os produtos para a venda. Muitas nunca se sentaram num banco de escola, outras abandonaram o ensino muito cedo para assumirem responsabilidades do casamento.