Momade disposto a recandidatar-se à liderança da RENAMO
4 de março de 2023Em entrevista à agência de notícias Lusa este sábado (04.03), em Lisboa, onde esteve para um encontro do Instituto Democrático do Centro (IDC, organização internacional que representa os partidos de centro-direita), Ossufo Momade, 62 anos, remeteu a decisão para o congresso da RENAMO, a realizar antes das eleições gerais de 2024, mas disse estar pronto para concorrer contra o nome da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), que insiste em classificar como um "partido-Estado".
"Eu estou disponível porque ainda sou jovem e tenho energia para continuar a dirigir o partido Renamo, mas tudo vai depender dos órgãos do partido. Ainda bem que vamos ter o congresso", o "órgão que decide em relação a quem vai ser o candidato do partido", afirmou Momade, à frente da Renamo há quatro anos, após a morte do fundador, Afonso Dhlakama.
Suceder a um líder carismático "foi um desafio", mas, "neste momento, estamos a trabalhar para unir a família Renamo, porque o objetivo principal da Renamo é dirigir o país", explicou Momade.
Nos seus quatro anos de liderança, tentou "unir a família" do partido, após a "morte do pai" para que possam "avançar juntos pelo bem de Moçambique", disse.
Momade rejeita terceiro mandato de Nyusi
Com olhos voltados para as eleições de 2024, Ossumo Momade afirmou que o atual Presidente não pode recandidatar-se a um terceiro mandato, salientando que a Constituição proíbe essa ambição e que o povo moçambicano quer alternância política.
"Aquilo que o [Filipe] Nyusi quer eu não posso ser testemunha, o que eu tenho de defender é a Constituição da República: todo o Presidente deve cumprir dois mandatos" no máximo, afirmou Momade.
"Todos aqueles que passaram por lá, fizeram dois mandatos - Chissano, Guebuza - porque é que este vai fazer três mandatos?" -- questionou Momade, que se mostrou confiante numa vitória nas eleições gerais de 2024.
O atual Presidente, Filipe Nyusi, venceu as eleições presidenciais moçambicanas de 2014 e 2019 como candidato da FRELIMO. "O problema não é do nome [do candidato], o problema é do regime. O problema é do partido-Estado", a Frelimo que tomou conta do país, criticou Momade.
Processo de DDR
Sobre o processo de Desmilitarização, Desarmamento e Reintegração (DDR), negociada nos acordos de paz após a guerra civil, Momade passa também a responsabilidade para a FRELIMO.
"Nós já fizemos o máximo, já desmobilizamos 15 bases e 90% dos nossos combatentes já estão nas suas casas. Agora aqui nós exigimos e que cumpram com aquilo que prometeram aos combatentes, os projetos e as pensões", afirmou, admitindo que existem riscos sociais com a presença de muitos ex-militares sem formas de subsistência adequadas.
"Foram feitas promessas, agora o que falta é a sua materialização e isso é da responsabilidade do Governo e da comunidade internacional", salientou Momade.