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MONUSCO pede paciência com novo Governo do Congo

Dirke Köpp | Frejus Quenum
21 de fevereiro de 2019

Leila Zerrougui, chefe da Missão das Nações Unidas na RDCongo (MONUSCO), afirma que é preciso dar tempo a Felix Tshisekedi, recém-eleito Presidente da RDC.

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DR Kongo  Kinshasa Vereidigung Präsident Felix Tshisekedi
Felix TshisekediFoto: picture-alliance/AP Photo/J. Delay

"É preciso dar tempo ao novo Presidente da República Democrática do Congo (RDC), Felix Tshisekedi". A frase é da representante especial do secretário-geral da ONU no país. Em entrevista à DW, quase um mês após a tomada de posse do novo chefe de Estado congolês, Leila Zerrougui mostra-se satisfeita com o desenrolar do processo eleitoral:

“Grosso modo, consideramos que não houve violência grave. À medida que as eleições foram decorrendo, ficou claro que os congoleses queriam uma mudança e foi isso, também, que fez com que não houvesse uma reação violenta, porque era algo que não se esperava".

DR Kongo Leila Zerrougi, Chefin der UN-Mission MONUSCO
Leila Zerrougi Foto: DW/K. Tiassou

Ainda assim, a sombra do ex-Presidente Joseph Kabila – que esteve 18 anos no poder -  continua a pairar sobre a Presidência de Felix Tshisekedi. A "Frente Comum pelo Congo" (FCC), coligação de Kabila, venceu a maioria na Assembleia Nacional, alimentando as suspeitas da oposição derrotada, que acusa Tshisekedi de ter feito um acordo com Kabila para manter a influência do antigo Presidente sobre Ministérios importantes e forças de segurança. Fato é que, um mês depois da tomada de posse, o novo chefe de Estado ainda não nomeou um primeiro-ministro para formar Governo e continua a trabalhar com a equipa apontada por Kabila.

Primeiro encontro Kabila - Tshisekedi

Entretanto, na passada quarta-feira (21.02), o ex-Presidente reuniu a “família política” do FCC, para assinar um acordo com vista a tornar a coligação eleitoral numa “plataforma política de governo”. No domingo (17.02.), Joseph Kabila e Felix Tshisekedi reuniram-se pela primeira vez desde a tomada de posse do novo Presidente e, segundo a agência de notícias "France Presse", abordaram a questão da “criação de uma coligação política” com vista à formação do Governo que permitirá gerir o país de forma “conjunta”.

Será que os últimos desenvolvimentos poderão afetar o processo democrático na RDC? A líder da missão da ONU, Leila Zerrougui, antevê que será preciso esperar para ver:

MONUSCO pede paciência com novo Governo do Congo

“Acho que temos de dar tempo a Tshisekedi. Ele ainda não formou o Governo. Há muitos partidos na RDC. A Frente Comum pelo Congo [coligação de Joseph Kabila] tem 67 partidos, há muitas formações políticas, muitas coligações, muitas coisas. Vamos ver como é que a paisagem política se constrói nos próximos meses para termos uma ideia.”

MONUSCO não intervém na política

E o que diz a MONUSCO sobre a colaboração Tshisekedi-FCC? A líder da missão deixa claro que o papel da missão de paz não é de intervenção política:

“Cabe à MONUSCO opor-se? Deve a comunidade internacional presente na RDC ditar aos congoleses – que estão calmos, neste momento - o que devem fazer? A missão chama-se MONUSCO e o “S” é de estabilização. O nosso papel é ajudar os congoleses rumo à estabilização e se eles estiverem de acordo, se não houver violações, se as pessoas não são detidas, punidas, sancionadas…se é um processo que avança, não podemos fazer mais nada a não ser apoiá-lo!"

Entretanto, no primeiro encontro com diplomatas estrangeiros, desde a tomada de posse na semana passada, o Presidente congolês sublinhou que, a RDC quer trabalhar com as Nações Unidas para criar um plano de retirada da MONUSCO – presente no país há 20 anos.

Até lá, Felix Tshisekedi frisa que, as suas tropas “devem ser reduzidas, melhor armadas e preparadas” para combater os inúmeros grupos rebeldes e milícias que controlam vastas áreas da RDC.

 

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