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Morreu Mário Coluna, o "Monstro Sagrado"

Romeu da Silva (Maputo)25 de fevereiro de 2014

Mário Coluna faleceu aos 78 anos, em Maputo, vítima de uma infeção pulmonar grave, anunciou o seu antigo clube Sport Lisboa e Benfica. Mário Coluna está entre os 100 melhores jogadores do século XX segundo a FIFA.

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Foto: Romeu da Silva

Mário Coluna, ou "Monstro Sagrado", como também foi apelidado, foi dos primeiros moçambicanos a jogar futebol profissional fora do seu país.

Nasceu a 6 de agosto de 1935, no distrito de Magude, no sul de Moçambique. Depois, passou a maior parte da sua infância em Lourenço Marques, atual Maputo. Saiu de Moçambique com apenas 16 anos, em 1951, para jogar no Sport Lisboa e Benfica, de Portugal. Coluna foi um dos melhores jogadores dos "encarnados" entre 1954/55 e 1960/70 e conquistou duas vezes a Taça dos Campeões da Europa com a camisola do clube português, em 1961 e 1962.

Mário Coluna jogou também para a seleção nacional de Portugal, pois nesta altura Moçambique ainda era colónia portuguesa. Somou 57 vezes internacionalizações, marcando 8 golos, entre 1955 e 1968.

Com Eusébio, fez parte do plantel que conquistou o maior triunfo até hoje conseguido por uma seleção portuguesa – ficou no terceiro lugar no Mundial de Futebol de 1966, em Inglaterra.

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Eusébio e Mário Coluna (na fila de baixo) na final da Taça dos Campeões Europeus de 1968, que opôs o Benfica ao Manchester UnitedFoto: picture-alliance/dpa

Coluna voltou a Moçambique, Eusébio não

Alguns moçambicanos questionam por que razão Eusébio não voltou para viver em Moçambique, ao contrário de Mário Coluna, antigo companheiro do "Pantera Negra" no Benfica.

"Se voltei foi porque fui convidado para voltar a Moçambique", contou Mário Coluna. O ex-futebolista foi comandar o Textáfrica de Chimoio e, mais tarde, o Ferroviário de Maputo. "Depois, no Ferroviário pedi emprego e o Ferroviário deu-me emprego nos caminhos de ferro. Hoje sou reformado dos caminhos de ferro [que patrocinam o clube]. Agora, o Eusébio não foi convidado por ninguém para voltar a Moçambique."

Foi como técnico do Textáfrica de Chimoio, um clube da província central de Manica, que Coluna conquistou o título de primeiro campeão nacional, em 1976, um ano depois da independência nacional. Algo de que Mário Coluna se orgulhava bastante.

"No primeiro campeonato que se realiza depois da independência, quem ganha é o Textáfrica, treinado por Mário Coluna. E no segundo campeonato, quem ganha é o Ferroviário de Maputo, também treinado por Mário Coluna", lembrou o "Monstro Sagrado" numa entrevista à DW África.

"Moçambique no coração"

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O jornalista César Langa, do jornal desportivo Desafio, disse que Coluna sempre teve vontade de dar o seu contributo ao desporto moçambicano.

"Ele sempre teve a pátria moçambicana no coração", comenta. "Coluna veio, tinha os seus sonhos. Queria apoiar o desenvolvimento do país e transferir aquilo que ganhou no futebol para o seu país e fazer investimentos. Isso terá pesado para que ele voltasse."

Manuel Meque, jornalista desportivo do semanário Domingo, entende que Coluna colocou o nome de Moçambique ao mais alto nível, quando foi presidente da Federação Moçambicana de Futebol, de 1999 a 2007.

"Parece que o mundo passou a olhar para Moçambique", afirma o jornalista. "Talvez não tenhamos conseguido tirar proveito disso. Mas parece que quando este homem chega ao estatuto de presidente da Federação, parece que as portas internacionais se abriram. A própria Federação Internacional de Futebol, a FIFA, passou a ter mais confiança para com Moçambique."

Em 2005, Coluna recebeu a Ordem Eduardo Mondlane do terceiro grau, a mais alta condecoração do Estado, pelo seu contributo para a promoção do desporto no país.