Morte de Mahamudo Amurane ainda sem culpados
4 de janeiro de 2018Mahamudo Amurane, então presidente do Conselho Municipal de Nampula, foi assassinado no passado dia 4 de outubro de 2017, na sua residência particular. Passados três meses da sua morte, ainda não são conhecidos os autores do crime, não tendo havido também qualquer detenção até à data.
Em entrevista à DW África, Abdul Remane Andarusse, coordenador da comissão central do "Projeto Político Mahamudo Amurane", grupo que iria apoiar a candidatura independente do então edil e que ambiciona criar um novo partido em Nampula, diz-se "incomodado", mas não surpreso, com o silêncio das autoridades sobre o caso.
"Sabemos como é que o regime faz. Quando as coisas acontecem, gritam e prometem que vão esclarecer dentro de pouco tempo, e tantos casos que aconteceram e terminam assim. Portanto, não foi surpresa, está no curso normal das coisas", afirma.
Ainda assim, Abdul Remane Andurusse garante que o seu grupo vai continuar a fazer pressão e a "levantar a voz" até obter resultados, apesar de reconhecer que em Moçambique os crimes nunca são esclarecidos. "Sei que o caso acaba morrendo como morreram outros", acrescenta.
Por seu lado, Zacarias Nacute, porta-voz da Polícia de Nampula, garante que estão a ser feitos esforços para esclarecer o assassinato de Amurane. De acordo com este responsável, existem já "dados fortes" sobre o caso, no entanto, não são ainda suficientes para "dar por concluído o processo de investigação".
"O Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC) está a fazer um trabalho de investigação e assim que tiver resultados palpáveis, os órgãos de comunição social serão solicitados", acrescentou, sem avançar quando serão divulgados os dados.
Seguidores de Amurane acusam regime
Abdul Remane Andarusse adianta-se a apontar os prováveis suspeitos que orquestraram a morte do edil. "As coisas acontecem e não há esclarecimento. Isso é sinal indicativo de que existe, claramente, uma mão do regime metida neste assunto. Não temos outra coisa a pensar", conclui.
A Liga Moçambicana dos Direitos em Nampula já tinha dito à DW África que este caso vai demorar a ser esclarecido, no entanto, mostra-se otimista num desfecho positivo.