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Mortos no PODEMOS ligados a Mondlane geram desconfiança

Nádia Issufo (Maputo)
23 de janeiro de 2025

Assassinatos seletivos de mais de 25 membros do PODEMOS, muitos ligados a Venâncio Mondlane, geram suspeitas de perseguição política e críticas ao silêncio do partido.

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Ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane na sua chegada ao aeroporto de Maputo, a 9 de janeiro de 2025
Assassinatos seletivos de membros do PODEMOS geram desconfiança em MoçambiqueFoto: Jaime Álvaro/DW

Em Moçambique, se questiona o silêncio do Partido Otimista Para o Desenvolvimento de Moçambique (PODEMOS) em relação aos assassinatos em massa dos seus membros. O facto de a maioria das vítimas serem próximas de Venâncio Mondlane faz acirrar as desconfianças em relação ao partido que o suporta. Mas o PODEMOS nega que esteja a dar pouca importância ao assunto.

Sande António foi a última vítima mortal de um esquadrão da morte sem cara. O delegado do PODEMOS foi encontrado morto na sua casa na última semana, em Búzi, província de Sofala. Vale Magalhães, mandatário do partido, diz que desde dia 9 já perderam quatro membros. Sobre a investigação policial ainda nada se sabe.

"Ainda não temos nenhuma informação, até hoje não disseram nada. Não sei se ainda estão a trabalhar. Não recebi nenhuma informação", declarou Vale Magalhães.

São mais de 25 mortos contabilizados desde o início do levante popular em Moçambique contra a fraude eleitoral e má governação, a 21 de outubro. Em menos de um mês, só em Cabo Delgado, quatro membros do PODEMOS foram assassinados.

O representante do partido na província, Singano Assane, revela um dado curioso, sobre os alvos: "Quanto aos membros do PODEMOS, melhor dizendo, apoiantes de Venâncio Mondlane, ocorre uma perseguição. Até ultrapassa a perseguição, porque nos nosso países nunca existiramprisioneiros políticos, então eles decidem matar essas pessoas."

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Desaparecimentos misteriosos

O mais recente caso foi o do jornalista e correligionário Arlindo Chissale, que terá sido raptado a 7 de janeiro e até hoje se desconhece o seu paradeiro. A esposa, Odete, relatou à DW os eventos que precederam o desaparecimento.

"Antes do desaparecimento, ele recebeu uma ligação do comandante da terceira esquadra, que dizia ter novidades: '[...] quero falar contigo pessoalmente, vem até aqui para te contar uma novidade'", revelou.

O PODEMOS tem sido acusado de não dar a devida atenção às mortes seletivas, principalmente ao caso dos correligionários que se juntaram ao PODEMOS através do candidato presidencial Venâncio Mondlane. O porta-voz Duclésio Chico nega: "Não, não estamos em silêncio", comenta.

"Estamos a averiguar para que, depois, possamos fazer um trabalho [que] venha a ajudar [as famílias, seguindo] os trâmites legais, para que as pessoas venham a responder em juízo."

Enquanto isso, as ameaças não cessam, os membros do partido dizem que se sentem inseguros. O PODEMOS exige que as autoridades protejam os seus membros:

"Nós repudiamos os assassinatos e sentimo-nos ao lado das famílias enlutadas. Estamos a fazer um trabalho no que concerne ao acompanhamento jurídico para perceber o que está a acontecer. Apelamos as forças de defesa e segurança que façam o seu trabalho de zelar pela vida e segurança dos moçambicanos."

Os assassinatos seletivos contra vozes críticas ao regime são uma prática que tem barbas brancas no país. AResistência Nacional Moçambicana (RENAMO), que já foi o maior partido da oposição, viveu semelhante situação. Mas até hoje a polícia não identificou os autores e muito menos os responsabilizou.

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