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Moçambicanos descontentes com aumento da carta de condução

25 de outubro de 2018

A partir de 5 de novembro, a taxa de renovação da carta de condução passa a custar cerca de oito vezes mais do que custa atualmente. Jovens moçambicanos consideram que esta é um medida elitista e de exclusão.

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Mosambik Autowäscher in Nampula
Foto ilustrativaFoto: DW/S. Lutxeque

Renovar a carta de condução em Moçambique passará a custar mais de 40 euros, sendo a taxa atual de cerca de oito euros. Uma subida que está a ser criticada pelos motoristas de transportes semicoletivos, táxi e de longo curso que dependem deste documento para trabalhar.

Para estes profissionais, a subida é exagerada e não tem em conta as camadas sociais. À DW África, Silvestre Uamusse, motorista de transporte semicoletivo, afirma que esta medida é "uma exclusão. Eu sou motorista de chapa, dependo deste trabalho para sustentar a família. Não ganhamos nada praticamente. Então isto é uma exclusão mesmo", considera.

Carta "não é para quem pode"

Beny Boavida, também motorista dos transportes semicoletivos de passageiros, reforça as críticas, acrescentando que o Governo está a elitizar este documento. Para este profissional, "a carta de condução é um documento como um outro qualquer, para qualquer pessoa que quiser ter. Não é para quem pode, é para quem quer", reitera.

Moçambicanos descontentes com aumento da carta de condução

António Ngoenha é taxista e está também contra a medida anunciada. À DW África, lembra que em Moçambique há muitos jovens a trabalhar no setor dos transportes. Cidadãos que, segundo este taxista, "não estudaram" e que por isso a carta de condução é para eles uma mais valia. "A carta de condução devia até ser de borla ou custar 500 meticais [cerca de oito euros] ou 250 meticais [cerca de quatro euros]", conclui António Ngoenha.

Em declarações em Maputo, esta semana, a vice-ministra dos Transportes e Comunicações, Manuela Ribeiro, chegou mesmo a afirmar que só tira a carta de condução quem tem condições. "A carta de condução não é como o bilhete de identidade, que é obrigatório. A carta de condução não. É conforme as condições que eu tenho, vou tirar ou não a carta de condução", afirmou.

A vice-ministra justificou o agravamento das taxas de renovação da carta de condução com o argumento de que a atual é muito baixa. E questionou: "Acha que com 500 meticais pode produzir uma carta de condução?". Segundo a governante, tem sido o executivo que tem estado a subsidiar todos os custos, o que tem contribuído para a difícil situação fianceira em que se encontra Instituto Ncional dos Transportes Terrestres de Moçambique.

Ao longo de 2018, o Governo tem vindo a agravar várias tarifas, nomeadamente, nos setores da comunicação social, água, energia e combustível. Chegou agora a hora da carta de condução.