Moçambicanos em Durban querem voltar à terra natal
14 de abril de 2015Há semanas que centenas de residentes sul-africanos de algumas áreas residenciais de Durban não dão tréguas aos cidadãos estrangeiros. Eles atacam os imigrantes e saqueiam os seus estabelecimentos comerciais. A onda de violência começou dias depois de o rei zulu Goodwill Zwelithini, o líder tradicional mais importante na província de KwaZulu-Natal, ter dito que os estrangeiros devem "fazer as malas e deixar" a África do Sul.
A crise económica que assola o país e a falta de serviços básicos têm aberto portas a este tipo de violência. Os residentes temem que os cidadãos estrangeiros lhes tirem os postos de trabalho.
"A frustração destes sul-africanos, resultante do sofrimento económico e social, é descarregada nos estrangeiros", diz Protas Madlala, um analista político sul-africano.
Medo
Mais de mil estrangeiros deixaram as suas casas com medo da violência. Entre eles, cerca de 500, na sua maioria moçambicanos, encontram-se refugiados em centros de acolhimento erguidos para hospedar os desalojados.
"Preciso de regressar à minha terra", pede um dos moçambicanos que se encontra num dos três centros de acolhimento.
Outro deslocado teme, porém, que, ao voltar à terra natal, não consiga sustentar a sua família: "Tenho uma criança pequena, a mãe da criança não trabalha, só eu trabalho."
Resposta "tardia"
O ministro sul-africano do Interior, Malusi Gigaba, e o governador da província de KwaZulu-Natal, Senzo Mchunu, reuniram-se esta terça-feira (14.04) com as representações diplomáticas dos países africanos em Durban.
O embaixador moçambicano Fernando Fazenda participou na reunião e visitou o campo de refugiados. Segundo o diplomata, os moçambicanos que fugiram de Durban podem regressar a Moçambique já esta semana.
"Dos contactos que fizemos com os afetados que estão aqui nos campos, [o sentimento geral] era de todos quererem voltar para Moçambique. O nosso plano é que isso aconteça na quinta-feira [16.04]."
Para tentar travar os ataques aos cidadãos estrangeiros, as autoridades sul-africanas destacaram mais polícias para as ruas de Durban. Apelam ainda à convivência pacífica. Mas os imigrantes queixam-se que a resposta já veio tarde demais e não tem sido eficaz.