Moçambicanos retirados do Sudão "estão bem de saúde"
26 de abril de 2023Vários países estão a aproveitar o último cessar-fogo acordado entre as partes em conflito no Sudão para retirar pessoas do país. Apesar das tréguas anunciadas, os violentos combates entre o exército sudanês e o grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF) já causaram pelo menos 512 mortos.
Segundo o Instituto Nacional para as Comunidades Moçambicanas no exterior, 20 estudantes moçambicanos conseguiram deixar o Sudão e deverão chegar ainda esta semana a Maputo.
Os 20 estudantes moçambicanos são esperados esta quarta-feira (26.04) em Addis Abeba, capital da Etiópia, depois de enfrentarem, na noite de ontem (25.04), o caos que se vive na fronteira com o Sudão.
Armando Muiuane Júnior, diretor do Instituto Nacional para as Comunidades Moçambicanas no exterior, tem acompanhado o processo. "Nós contávamos com eles ontem em Addis Abeba, mas há muita avalanche, há muita gente, e a fronteira está muito cheia. A fronteira fechou e não foi possível atravessarem ontem às 16h00 como estava previsto, porque chegaram lá por volta das 21h00", adiantou.
Após a viagem de 16 horas de carro da cidade de Metema a Addis Abeba, os estudantes deverão permanecer na Etiópia até sexta-feira (28.04), dia em poderão regressar a Moçambique.
"Temos alguns compatriotas que não têm documentos em dia, então vai-se fazer o trabalho na emigração, certificados de emergência, para que possam viajar tranquilamente para Moçambique. O mais importante é que estão bem de saúde, estão tranquilos, serenos, satisfeitos, porque já saíram da zona de conflito. Ansiosos para estarem no convívio familiar o mais urgente possível", referiu.
Segundo Muiuane Júnior, outros dois estudantes já se encontram na capital etíope, além de um padre que estava em missão em Cartum e foi acolhido no Cairo, no Egipto.
Também o Governo de Angola avançou esta quarta-feira que tem em curso diligências para a retirada de cidadãos nacionais, estando cinco pessoas a caminho da Etiópia e mais cinco para o Egipto.
Já a Guiné-Bissau retirou do Sudão nove estudantes no âmbito de uma operação conjunta com o Senegal.
Divergências sobre a reforma do exército sudanês e a integração das Forças de Apoio Rápido estão na origem dos confrontos entre forças do general Abdel Fattah al-Burhan, líder do país desde o golpe de Estado de 2021, e o rival Mohamed Hamdan Dagalo.
Os combates intensificaram-se no passado dia 15 e a Agência das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) estima que o conflito interno poderá causar pelo menos 145 mil refugiados.