Moçambique: Jovens são os mais infetados pelo HIV-SIDA
21 de agosto de 2022Dados disponibilizados pelas autoridades de saúde em Tete, centro de Moçambique, relativos ao primeiro semestre do ano em curso, revelam mais de 8 mil novos casos de HIV no país.As autoridades indicam que a faixa etária entre os catorze e os vinte e quatro anos é a mais afetada pelo vírus.
O crescente número de infetados tem preocupado o Governo moçambicano e a sociedade civil, que estão empenhados em reduzir as novas infeções.
Falhas na luta contra o HIV
Felizarda Malene, ativista social e diretora executiva da organização juvenil Associação Galamukani, que atua na área da saúde, aponta falhas na luta contra a doença.
″É sinal de que alguma coisa deve estar a falhar, talvez na forma como transmitimos a mensagem, talvez na falta de acesso a serviços de qualidade, uma enfermeira ou enfermeiro que pudesse atender os adolescentes e jovens sem estigma, nem discriminação″, diz.
Ivan Banet, ligado ao projeto "Viva Mais" do Fundo de Desenvolvimento comunitário, indica quea falta de prevenção é um fator de risco.
″As causas principais estão relacionadas com a falta de prevenção, a violência sexual e o abandono do tratamento. São essas as causas que conseguimos ver logo de imediato", afirma.
Por outro lado, Marcelino Miguel, secretário executivo do conselho provincial de combate ao HIV, acredita que a taxa de incidência juvenil é alta por ser a camada mais vulnerável da população: ″É uma camada sexualmente ativa, é uma camada que sai da adolescência para uma outra fase da vida e é uma fase de inventar, uma fase de indecisão, de insegurança e de moda″, explica.
Apostar na sensibilização
A mudança de estratégias e a implementação de medidas mais arrojadas na consciencialização de adolescentes e jovens são as recomendações deixadas pela ativista social Felizarda Malene.
″Vamos procurar trazer mensagens de forma mais clara, especifica e simples para que os adolescentes que são o grupo alvo [do vírus HIV] possam perceber a essência do que é que pretendemos trazer″, diz.
Já Marcelino Miguel defende que a consciencialização deve ser essencialmente feita nas escolas, por serem locais de aglomeração desta faixa etária.
″Nós temos os cantinhos da escola, onde os jovens podem falar da sua vida sexual, onde os jovens podem testar a sua saúde, onde os jovens podem colocar qualquer dúvida sobre sexualidade″, conta.