Nyusi pede aos jovens que não se juntem aos terroristas
3 de fevereiro de 2024O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, disse, este sábado (03,02), que as movimentações dos grupos extremistas em novos pontos de Cabo Delgado pretendem desviar os avanços das forças governamentais, que estão em direção às principais bases dos terroristas.
"Com este movimento, [os terroristas] pretendem desviar a intenção e o avanço das forças que estão em direção às principais posições dos terroristas (...) Vários postos avançados dos terroristas foram atacados, assaltados e destruídos, tendo provocado a fuga de terroristas em pequenos grupos", declarou Filipe Nyusi, durante as cerimónias centrais de celebração do Dia dos Heróis, que se comemora hoje.
Em causa estão novos ataques e movimentações registados após um período de relativa estabilidade em Cabo Delgado, episódios que, para as autoridades locais, estão ligados à perseguição imposta pelas Forças de Defesa e Segurança nos distritos de Macomia, Quissanga e Muidumbe, entre os mais afetados.
Segundo o chefe de Estado, as forças governamentais, com apoio do Ruanda e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral, estão a desencadear "operações imediatas", que incluem a "ocupação e consolidação" de posições estratégicas em Mucojo, no distrito de Macomia, e fiscalização costeira.
"As forças de defesa e segurança têm como última finalidade negar a penetração e mobilidade dos terroristas pelo mar, incluindo o seu reabastecimento através das ilhas adjacentes, tendo nas últimas 72 horas entrado em contacto direto com um grupo que se mantém em fuga na reta Ancuabe - Metuge", avançou Filipe Nyusi, referindo que quer ver "esclarecida a origem e motivação" deste grupo.
Novas tentativas de recrutamento
O chefe de Estado moçambicano alertou também para novas tentativas de recrutamento de jovens por parte dos grupos rebeldes, episódios que estão a ser registados mais ao e também em dois distritos de Nampula, província vizinha, nomeadamente Memba e Eráti.
"Apesar de tudo isto, queremos apelar à nossa resiliência coletiva, com vista a suster as investidas dos terroristas. Aos jovens, apelamos para não aderirem ao recrutamento e a reportarem qualquer movimento estranho que possa condicionar a segurança das comunidades", declarou Filipe Nyusi.
A movimentação dos grupos terroristas nos últimos dias também foi observada no distrito de Quissanga, perto dos campos de produção agrícola junto ao distrito de Metuge, criando pânico e levando as populações a abandonarem as atividades.
Raptos: 38 detidos em 2023
Na mesma ocasião, o Presidente moçambicano fez saber que as autoridades do país detiveram, desde janeiro de 2023, 38 pessoas envolvidas em casos de rapto.
Do total dos 13 casos registados neste período, avançou, sete foram consumados e os restantes foram travados pelas autoridades, que conseguiram resgatar pelo menos três pessoas.
"É um novo tipo de crime, onde os criminosos estudam como o mesmo deve ser executado", acrescentou o chefe de Estado moçambicano.
No número total de pessoas detidas (38), três têm nacionalidade sul-africana, país que faz fronteira com Moçambique.
Segundo o chefe de Estado moçambicano, as operações policiais durante o período também criaram condições para o desmantelamento de quatro cativeiros, bem como a apreensão de três armas de fogo, seis munições, quatro viaturas e seis telemóveis.
"Este mal (...) requer a colaboração de todos, incluindo as famílias dos que foram afetados", frisou Filipe Nyusi, avançando que, além de esforços operacionais, o executivo moçambicano tem apostado na cooperação internacional e no reforço da legislação face ao crime organizado, bem como a formação de oficiais.
"Grupos diversificados foram e continuam a ser formados fora e dentro do país", acrescentou.
A onda de raptos em Moçambique começou em 2011, afetando, sobretudo, empresários e seus familiares. Após um período de relativa estabilidade, os casos voltaram a ser registados nos últimos anos, principalmente nas capitais provinciais, com destaque para Maputo.