Moçambique: Caderneta de saúde para combater taxa de mortalidade das mulheres
5 de janeiro de 2012Onze mulheres morrem por dia, em Moçambique, devido a complicações de gravidez ou parto e 520 mulheres morrem por cada 100 mil nados vivos no país, segundo dados publicados pelo ministério da Saúde. Na Europa, em igual número de nascimentos, cinco a seis mulheres perdem a vida.
O problema é agravado pela escassez de obstetras experientes e suficientes para responder cabalmente às necessidades de Moçambique, bem como pela baixa distribuição de médicos e profissionais de saúde fora dos grandes centros urbanos.
Para combater esta situação o governo moçambicano acaba de lançar a caderneta de saúde da mulher que contém toda a informação sobre a gestação da mulher.
Melhor tratamento
Mouzinho Saíde, que lidera a Direção Nacional de Saúde Pública, justifica a medida com a falta de informação sobre a história clínica de cada paciente feminina. “Às vezes a mulher pode não saber exatamente que medicamentos tomou durante a gravidez. Pode desconhecer que complicações teve e isso tem influência no resultado final que nós queremos atingir com esta intervenção”, frisou Saíde.
“Para um melhor tratamento e acompanhamento precisamos saber o que aconteceu nas gravidezes anteriores e isso só era possível ver na unidade sanitária. Muitas vezes a mulher diz que vem de um distrito e para termos informação desse distrito era muito difícil. Por isso mesmo decidimos que a alternativa será a mulher estar na posse da caderneta”, justificou o responsável moçambicano.
Melhor histórico
Mouzinho Saíde garante que a caderneta será gratuitamente distribuída nos centros de saúde. “As mulheres – acrescentou - vão recebê-la na consulta pré-natal. Os profissionais de saúde registam nela as informações mais importantes. Basta a cada mulher apresentá-la ao médico sempre que tiver uma consulta.”
Com a adoção da caderneta, o governo de Maputo acredita que os técnicos poderão diminuir a taxa de mortalidade feminina devido a gravidezes ou partos problemáticos.
“Para além do planeamento familiar, a caderneta registará o número de exames médicos que cada paciente fez, incluindo o despiste do cancro do colo do útero, cancro da mama e todas as outras patologias. A caderneta permanecerá com a mulher e dar-nos-á o seu histórico clínico”, concluiu Saíde.
Autor: Romeu da Silva (Maputo)
Edição: Pedro Varanda de Castro/António Rocha