Moçambique: Casas erguidas sobre rochas em Tete
31 de julho de 2023As casas começaram a ser erguidas fora da zona de perigo. Mas ao longo do tempo, foram-se multiplicando, até galgarem as áreas de segurança. Em simultâneo, o abate da vegetação nas redondezas agrava a situação dos solos.
O geógrafo, Jorge Gulambondo, não augura nada de bom e explica os variados riscos que moram por baixo das residências dos populares.
"Existem vários perigos. Chamamos a isso riscos geomorfológicos, que é o deslizamento de terras, mas também podemos ter o desprendimento de blocos ou então a avalanche que é a erosão", disse.
A região é habitada por mais de quinhentas famílias que dizem que o espaço lhes foi concedido pelo antigo edil, Celestino Checanhandza.
População sente-se segura
Apesar dos riscos indicados, a população recusa-se a abandonar a área e garante não ver nenhum perigo em viver naquela região.
Felix Tomo é um dos residentes que habita na referida zona de risco. À DW, diz sentir-se seguro e não querer sair dali.
"Eu estava no Chingale, sofri várias vezes por causa das inundações. Então, acabei por sair e vim para esta zona segura", afirmou o residente, salientando que vive nas rochas do monte Caloeira "há muito tempo", prova de que "não há perigo".
Alex Siver é também morador nesta zona. Adquiriu o seu espaço em 2017, mas só no ano passado (2022) é que começou a residir nas redondezas do monte Caloeira. Diz sentir-se em segurança na sua habitação.
"Desde que começámos a viver aqui, nunca vimos nenhum perigo. A chuva cai normalmente, não estamos a ver perigos aqui", disse.
Apesar desta resistência, o especialista Jorge Gulambo realça que os riscos podem custar vidas humanas. Mesmo com a população a indicar que a antiga edilidade terá disponibilizado a área como sendo uma zona de expansão para habitação, parte das casas foram erguidas durante o mandato do atual autarca e que se encontra na sua reta final.
Autoridades apresentam "alternativa segura"
O vereador da administração urbana e construções no conselho municipal da cidade de Tete, Rodrigues Zunguza, fez saber que a edilidade identificou, entretanto, um espaço para onde as famílias que estão na zona interditada devem ser encaminhadas no próximo ano.
"O conselho municipal já fez o trabalho. Primeiro, de mapear as residências que estão dentro da faixa não permitida para construção e que se devem retirar", explicou. O vereador acrescenta ainda que já foi "identificado um espaço na zona de Chimbone de cerca de 82 hectares".
O geógrafo, Jorge Gulambondo, entende que o conselho municipal da cidade de Tete age tarde e culpa-o de assistir à instalação da população naquela área de risco.
"Esse problema poderia ter sido evitado no princípio antes das construções tomarem proporções alarmantes", afirmou.
Este plano de encaminhamento das populações não contempla qualquer tipo de apoio, para além da atribuição dos terrenos.