Cobrança de portagens na N6 fica para janeiro de 2020
5 de dezembro de 2019O Governo de Moçambique adiou para 1 de janeiro de 2020 o início da cobrança de portagens ao longo da Estrada Nacional Número 6 (N6), que liga a cidade da Beira a Machipanda, junto à fronteira com o Zimbabué.
A cobrança em três portagens - nos distritos de Dondo, Nhamatanda e Vanduzi - estava prevista inicialmente para 1 de dezembro, mas o Fundo de Estradas do Ministério das Obras Públicas aceitou a reivindicação dos transportadores de mercadorias, que estavam descontentes com a introdução de portagens na N6.
O acordo, entretanto, deixou em aberto uma questão que pode gerar debates nos próximos meses. Os transportadores de semicoletivos não aceitam a cobrança da tarifa nos dois sentidos.
As reivindicações dos transportadores têm em conta a situação económica do setor, que sofreu um impacto negativo com a passagem, em março, do ciclone Idai, pela região centro. Segundo o presidente do Fundo de Estradas, Ângelo Macuácua, a categoria pediu que o Ministério levasse em consideração os contratos para o mês de dezembro - que foram estabelecidos previamente - e o período das festas de final de ano.
Os transportadores "sugeriram que a cobrança iniciasse a 1 de janeiro e não a 1 dezembro", esclareceu Macuácua.
Redução de tarifa
O Governo moçambicano divulgou que as tarifas para circular na N6 também serão reduzidas. Inicialmente as taxas variavam entre 90 meticais e 300 meticais - o equivalente a 1,30 euros e 4,25 euros, tarifas consideradas elevadas pelos utentes da estrada. As novas taxas ainda não foram divulgadas, mas os transportadores receberam com satisfação a redução.
Em conferência de imprensa, no início da semana, Macuácua admitiu que as taxas para circular na N6 não são do agrado de todos os "parceiros", mas foi feito o possível, tendo em conta a "conjuntura económica e social que o país atravessa".
O presidente da Associação Provincial de Transportes de Mercadorias de Sofala, Hernâni Silva, celebrou o que considerou um "acordo a números aceitáveis que irão beneficiar ambas as partes".
É a primeira vez que a N6 tem portagens desde a sua construção no tempo colonial. A estrada foi reabilitada recentemente com financiamento do banco chinês Exim-Bank e será concessionada a privados.
A estrada serve de corredor aos países do chamado "hinterland", como o Zimbabué e a Zâmbia. A rodovia dá acesso ao Porto da Beira, o que explica o grande movimento de camiões de cargas diversas, incluindo combustíveis escoados através daquele eixo.
Até o momento, as únicas estradas que têm concessão para cobrança de tarifas em Moçambique eram a N4 (Maputo-África do Sul), administrada pela sul-africana Trac; a N7 (na província de Tete), concessionada pela Estradas do Zambeze, e a N1 (entre Sofala e Inhambane).