Dois moçambicanos acusados de associação ao terrorismo
22 de abril de 2024De acordo com a mesma fonte, ambos foram detidos "em flagrante delito" em março de 2023, na vila de Mocímboa da Praia, na posse de 885.500 meticais (13 mil euros) e "diversos géneros alimentícios que se destinavam a garantir a sustentabilidade de um grupo terrorista, que se encontrava acampado em Cabo Delgado".
O Gabinete Central de Combate à Criminalidade Organizada e Transnacional (GCCCOT) instaurou um processo criminal contra os dois cidadãos e, segundo o Ministério Público, da instrução "constatou-se que os arguidos, para além de comprarem géneros alimentícios, adquiriam cartões SIM, cupões de recargas das operadoras de telefonia móvel e os remetiam ao líder do grupo terrorista".
"Que, por sua vez, procedia à distribuição aos demais integrantes, para garantir comunicações, internet, bem como transações de dinheiro, com recurso a carteiras móveis, para os membros do grupo e sustento dos seus familiares", acrescentou a fonte.
"Os cartões SIM, depois de usados, eram destruídos, como forma de apagar os vestígios e escapar à ação da Justiça e com o dinheiro adquiriam informações, destinadas ao líder do grupo terrorista, sobre a localização, movimentação e posição das Forças de Defesa e Segurança", prosseguiu a fonte, acrescentando que, finda a instrução, foi entretanto deduzida a acusação e o processo remetido ao Tribunal Judicial da Província de Cabo Delgado, no dia 22 de abril, com os dois arguidos presos.
"Contra os arguidos indiciam suficientemente os autos a prática de crimes de financiamento ao terrorismo, recolha de informação, adesão a organização terrorista e associação criminosa", concluiu a fonte.
A província de Cabo Delgado enfrenta há seis anos uma insurgência armada com alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.
A insurgência, que desde dezembro de 2023 voltou a recrudescer com vários ataques às populações e forças armadas, levou a uma resposta militar desde julho de 2021, com apoio primeiro do Ruanda, com mais de 2.000 militares, e dos países da África austral, libertando distritos junto aos projetos de gás.