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Dois moçambicanos fatalmente baleados pela polícia

3 de setembro de 2020

Na Zambézia, o Ministério Público está a investigar o assassinato de dois cidadãos pela polícia, por não usarem máscara facial como prevenção ao coronavírus. Populares revoltaram-se contra o ocorrido.

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Foto: DW/M. Mueia

Testemunhas acusam membros da Polícia da República de Moçambique (PRM) de terem executado dois cidadãos em Lugela, província central da Zambézia, no passado fim-de-semana, por não usarem máscara facial, conforme determinado como medida preventiva de contágio do novo coronavírus.

Os disparos terão ocorrido quando as vítimas recusaram acatar a ordem de colocação de máscara pelos agentes.

Esta quinta-feira (03.09), a procuradoria provincial da Zambézia convocou a imprensa para dizer que os corpos dos dois cidadãos se encontram na morgue do Hospital Central de Quelimane para a autópsia.

Segundo o porta-voz da procuradoria Domingos Julai, "Estamos a aguardar os resultados das autópsias. Depois haverá que apurar as devidas responsabilidades”.

Mosambik Zambézia Staatsanwaltschaft
Domingos Julai, porta-voz da procuradoria da província da ZambéziaFoto: DW/M. Mueia

Julai avançou que neste momento não há detidos. "Naturalmente que há suspeitos e foram desencadeados mecanismos também de contatos a indivíduos que possam facilitar a obtenção de informação fidedigna sobre a autoria destes factos, a responsabilização com relação aos óbitos ocorridos no distrito de Lugela”, disse ainda Julai.

Revolta popular

O assassinato levou à revolta de cidadãos, que vandalizaram prédios públicos como o Comando Distrital da Polícia da República de Moçambique, a unidade do Serviço de Investigação Criminal e o Tribunal Judicial de Lugela.

O porta-voz da PRM, Sidner Lonzo, desdramatizou as consequências: "Não houve danos avultados. Algumas janelas ficaram quebradas. Não houve também danos graves referentes à integridade física dos nossos colegas, nem dos indivíduos que estiveram defronte do comando distrital de Lugela”, disse Lonzo.

Mosambik Zambézia Polizeisprecher
Sidner Lonzo, porta-voz da polícia da ZambéziaFoto: DW/M. Mueia

Na madrugada de quarta-feira (02.09) ocorreu outro incidente mortal envolvendo a polícia num dos bairros da cidade de Quelimane. Durante uma patrulha, um agente atingiu a tiro o próprio chefe, que acabou por sucumbir aos ferimentos.

Segundo o porta-voz Lonzo, tratou-se de um acidente. "Este colega estava em serviço e teria recebido uma informação dando conta da existência de malfeitores numa residência. Ele orientou que se fizesse um flanqueamento nas vias para que os malfeitores não se escapulissem. Nesse momento, um colega nosso, por um erro de execução, acabou efetuando disparos e um destes acabou atingindo o nosso colega chefe das operações da primeira esquadra”, disse.

Apesar de tudo indicar que se tratou de um acidente, o autor dos disparos permanece detido enquanto decorrem investigações junto dos Serviços de Investigação Criminal de Quelimane.

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