Moçambique em choque com morte de Gilles Cistac
4 de março de 2015A Ordem dos Advogados manifestou "indignação e revolta" pelo sucedido e exigiu que as autoridades competentes tomem todas as medidas para identificar e responsabilizar os autores do assassinato.
Em comunicado divulgado esta terça-feira (03.03), a Ordem dos Advogados afirma que o baleamento mortal de Gilles Cistac "vem mostrar, uma vez mais, que a construção do Estado de Direito [em Moçambique] ainda requer uma atitude mais agressiva do Estado para construir os seus alicerces."
O Governo, reunido na sua sessão semanal, condenou veementemente o baleamento do constitucionalista, considerando-o um ato macabro e instruiu o Ministério do Interior no sentido de encontrar os responsáveis para que sejam "exemplarmente punidos".
"Calou-se uma voz encorajadora"
Para o jurista Teodoro Waty, antigo presidente da Comissão Parlamentar dos Assuntos Jurídicos, Constitucionais e Direitos Humanos, "calou-se uma voz encorajadora num Estado de Direito em que a liberdade de expressão é uma obrigação. Temos o direito de discordarmos uns dos outros. Ele defendia posições não coincidentes com a minha doutrina, mas eu respeitava bastante as posições dele", declarou.
Em digressão pelo país, Afonso Dlakhama, líder da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), o maior partido da oposição, falando a jornalistas no Niassa, responsabilizou alegados radicais da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) pelo morte de Cistac e disse que esta será vingada.
Por seu turno, o líder da terceira força política, MDM, Daviz Simango, considerou que o baleamento de Gilles Cistac foi encomendado por uma elite moçambicana.
Gilles Cistac era constitucionalista, diretor adjunto de investigação e expansão e coordenador dos cursos de pós-graduação na Faculdade de Direito da Universidade Eduardo Mondlane (UEM). Armando Dimande, diretor da Faculdade de Direito da maior instituição de ensino superior no país, disse que, neste momento, "o sentimento é de dor e surpresa".
Mais segurança
O presidente da Comissão Nacional dos Direitos Humanos, Custódio Duma, disse que o baleamento de Cistac vem mostrar que é necessário mais segurança. "É um grande choque, mas, mais uma vez, é a prova de que precisamos de mais segurança".
O porta-voz da Polícia de Maputo, Arnaldo Chefo, considerou o ato "inaceitável " e assegurou que a corporação está no encalço dos autores do crime. "Neste momento ainda não há detidos, mas as investigações prosseguem."
Dezenas de pessoas prestaram terça-feira (03.03) homenagem a Gilles Cistac depositando coroas de flores junto ao local do acidente e na Faculdade de Direito, onde o professor catedrático trabalhava.