Cabo Delgado: Empresários otimistas com avanços militares
11 de agosto de 2021A Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA), maior organização empresarial do país, considerou esta quarta-feira (11.08) que a reconquista de áreas ocupadas pelos grupos armados em Cabo Delgado abre "perspetivas positivas" para as empresas e economia do país.
"As perspetivas positivas do setor privado têm alicerce, essencialmente, no retorno das atividades empresariais e dos projetos ora suspensos devido aos ataques terroristas, com realce para o projecto da Total Energy", refere a CTA, em comunicado.
Aquela organização assume que a vitória sobre os grupos armados que protagonizam ataques na província de Cabo Delgado, norte de Moçambique, vai resultar no reatamento do projeto de gás da multinacional francesa Total Energy -- o maior investimento privado em África -- e na reativação de contratos com empresas moçambicanas que prestam bens e serviços ao empreendimento.
A CTA assinala que a retoma do projeto poderá constituir um alívio para as pequenas e médias empresas que forneciam bens e serviços ao empreendimento petrolífero.
"De igual forma, esta situação poderá propiciar a estabilidade social decorrente do retorno da população que se encontra refugiada mitigando, deste modo, o drama humanitário que se vive", avança o comunicado.
Quase 300 empresas suspenderam atividade
Devido à suspensão das atividades da Total Energy, na sequência do ataque terrorista do dia 24 de março do presente ano, ao distrito de Palma, várias empresas foram significativamente afetadas, sobretudo aquelas que se encontravam envolvidas direta ou indiretamente neste projeto, observa aquela organização empresarial.
A CTA cita um estudo por si realizado que apontou que cerca de 288 empresas suspenderam as suas atividades nos distritos de Mocímboa da Praia e Palma, afetando um total de 23 mil postos de trabalho. O levantamento apurou que a paralisação do projeto da Total Energy resultou na suspensão do fornecimento de mercadorias no valor de 35 milhões de dólares (29,8 milhões de euros).
Na terça-feira (10.08), o comandante do Exército moçambicano, Cristóvão Chume, disse que a força conjunta Moçambique e Ruanda que reconquistou, no domingo, a sede de Mocímboa da Praia, desdobra-se em "missões de limpeza" em todo o distrito.
A vila costeira de Mocímboa da Praia, por muitos apontada como a "base" dos insurgentes e onde os ataques começaram em outubro de 2017, é uma das principais do norte da província de Cabo Delgado, situada 70 quilómetros a sul da área de construção do projeto de exploração de gás natural conduzido por várias petrolíferas internacionais e liderado pela Total.