EUA pedem ao Zimbabué para apoiar combate em Cabo Delgado
30 de setembro de 2020O pedido de apoio para combater os ataques armados no norte de Moçambique, em Cabo Delgado, foi feito pelo secretário adjunto dos EUA para Assuntos Africanos, Tibor Nagy, ao ministro das Relações Exteriores do Zimbabué, Sibusiso Moyo, na última semana.
Durante a conversa, segundo fontes não identificadas citadas pela agência financeira Bloomberg, Moyo pediu que os Estados Unidos retirem primeiro as sanções impostas contra as autoridades zimbabueanas.
Moyo desempenhou um papel fundamental enquanto general no golpe em que o Presidente do Zimbabué Robert Mugabe foi deposto em 2017, pelo que não pode surgir a cooperar com os EUA a menos que as sanções sejam canceladas, disseram as mesmas fontes.
Apesar de o Zimbabué passar por um colapso económico, o país mantém um exército na República Democrática do Congo, bem como no apoio a operações dos EUA em Angola e na Somália, além de ter um histórico de envolvimento em Moçambique ao lado da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO, partido no poder), nota a Bloomberg.
Porto estratégico da Beira
Por outro lado, as relações entre as duas nações vizinhas confluem no porto moçambicano da Beira, um ponto chave para o comércio externo do Zimbabué, uma importante porta de entrada das importações do país.
O ministro das Relações Exteriores do Zimbabué disse a Nagy que o Presidente do Zimbábue, Emmerson Mnangagwa, partilha das preocupações dos EUA em relação a Cabo Delgado e a outros dossiês, mas as sanções são um obstáculo, acrescentaram.
Um porta-voz do departamento de Estado norte-americano negou à Bloomberg que os dirigentes tenham discutido "o alívio de sanções em resposta à assistência contra o terrorismo".
EUA investem em gás
A província costeira mais a norte de Moçambique, que faz fronteira com a Tanzânia, enfrenta uma crise humanitária com mais de mil mortos e 250.000 deslocados internos após três anos de conflito armado entre as forças moçambicanas e rebeldes, cujos ataques já foram reivindicados pelo grupo 'jihadista' Estado Islâmico, mas cuja origem continua por esclarecer.
A região deverá acolher nos próximos anos investimentos da ordem dos 50 mil milhões de dólares (42,6 mil milhões de euros) em gás natural, liderados pelas petrolíferas norte-americana Exxon Mobil e francesa Total (que já tem obras no terreno), com apoio de bancos e agências de apoio ao comércio externo de vários países, entre os quais os EUA.