1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Maputo: Famílias afetadas de Hulene exigem casas prometidas

27 de janeiro de 2021

A edilidade de Maputo já não está a pagar as casas arrendadas onde vivem mais de 250 famílias afetadas pelo desabamento da lixeira no bairro de Hulene, que dizem estar a sofrer ameaças de expulsão.

https://p.dw.com/p/3oUr8
Mosambik Maputo | Mülldeponie im Maputo Stadtteil Hulene
A família de Carlos Pedro deve quatro meses de renda e está a ser ameaçada de expulsão.Foto: Romeu da Silva/DW

As famílias cujas casas foram destruídas pelo desabamento da lixeira no bairro de Hulene em 19 de fevereiro de 2018, denunciam que foram abandonadas pelo município de Maputo.

Na altura, a edilidade liderada por David Simango transferiu as mais de 250 famílias afetadas e aquelas que viviam nos arredores da lixeira para o bairro do Albazine, a mais de 20km da capital.

A família de Carlos Pedro deve quatro meses de renda e está a ser ameaçada de expulsão.

"Se me tirarem, só posso levar minha família até ao município, porque foi o município que destruiu a minha casa. Seja como for, vou levar a minha família até lá no município. Eles saberão o que fazer. Não tenho outro sítio, nem tenho irmão que me possa dar espaço", conta à DW.

Dívidas e abandono

Muitas das famílias afetadas dizem que estão a acumular dívidas de arrendamento. As a relações com os senhorios são tensas, diz António Maolela.

"O convívio com o proprietário era fácil. Havia bom entendimento porque pagávamos antecipadamente, não tínhamos problemas. Mas a dado momento, o Concelho Municipal deixou de pagar a tempo e horas e estamos a ter muitas dificuldades mesmo com os proprietários", revela.

O chefe de quarteirão deste grupo, Bernardo Cumbe, diz que foram feitas diligências junto do município, agora liderado Eneas Comiche, mas a resposta não chega.

"O município despreza-nos. Já o contatámos várias vezes, mas o município nunca deu resposta satisfatória ao nosso pedido. Portanto, estamos muito preocupados, porque as nossas reclamações não têm sido bem acolhidas", lamenta Bernardo Cumbe.

Mosambik Maputo | Mülldeponie im Maputo Stadtteil Hulene
Lixeira de HuleneFoto: Romeu da Silva/DW

Intervenção presidencial

Por falta de resposta do município, o grupo dos antigos moradores das redondezas da lixeira e aqueles que foram diretamente afetados criaram uma comissão de moradores. Esta é liderada por António Massingue, que quer que seja o próprio Presidente da Republica, Filipe Nyusi, que na altura visitou o local, a resolver o problema.

"Queríamos que o chefe de Estado levasse a nossa situação a peito. Da mesma forma como ele apareceu com aquela ênfase e nos mostrou que, de facto, estava preocupado com o seu povo. Queríamos que o chefe de Estado recuasse no tempo, olhasse para nós e dissesse: 'Já passou um tempo suficiente, prometemos organizar as casas em um ano, este é o terceiro ano'. Então, é um tempo suficiente para ver que o sofrimento do povo," disse Massingue.

Dezesseis pessoas morreram na sequência do desabamento da lixeira de Hulene, no início de 2018. O município retirou então do local outras famílias que estavam em risco.