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Moçambique fecha capítulo do DDR, mas RENAMO faz aviso

23 de junho de 2023

Foi oficialmente encerrada hoje em Maputo mais uma fase do processo de Desmobilização, Desmilitarização e Reintegração de ex-guerrilheiros da RENAMO. Durante a cerimónia, Ossufo Momade criticou o recenseamento eleitoral.

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Foto: Romeu da Silva/DW

O processo de Desmilitarização e Desmobilização dos antigos guerrilheiros da RENAMO chegou oficialmente ao fim nesta sexta-feira (23.06). Durante a celebração deste marco histórico em Maputo, porém, o presidente da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), Ossufo Momade, voltou a lembrar que "a fraude eleitoral foi sempre motivo para desentendimentos com o Governo". 

"As graves irregularidades do último recenseamento eleitoral, que denunciámos e participámos oficiosa e publicamente às autoridades competentes, não mereceram o devido provimento, o que indicia uma autêntica pólvora de conflito", alertou o líder do maior partido da oposição. 

Ossufo Momade deixou críticas à forma como o Governo geriu o recenseamento para as eleições autárquicas, em outubro
Ossufo Momade deixou críticas à forma como o Governo geriu o recenseamento para as eleições autárquicas, em outubroFoto: Bernardo Jequete/DW

Vícios no recenseamento

Avarias nos aparelhos e a alegada exclusão de eleitores simpatizantes da oposição durante o recenseamento foram algumas das irregularidades denunciadas.

O líder da RENAMO advertiu que, se o país quiser trilhar o caminho da paz e reconciliação, deve abandonar "todos os vícios que retiram a credibilidade ao recenseamento eleitoral".

"Depois de seis eleições gerais e cinco autárquicas, continuamos a assistir à prática dos mesmos atos ilícitos de forma deliberada no processo [eleitoral]", disse Momade.

Presidente moçambicano, Filipe Nyusi
Presidente moçambicano, Filipe NyusiFoto: Phill Magakoe/AFP/Getty Images

Silêncio de Nyusi

O Presidente da República, Filipe Nyusi, não se pronunciou sobre o recenseamento eleitoral. Disse apenas que, com o encerramento de mais uma fase do DDR, "ficam para a história as escaramuças armadas que ocorriam no centro do país".

"Quero recordar ainda que este ato é um grande investimento para que fique para trás o derramamento de sangue de irmãos devido a divergências políticas", acrescentou.

"Reintegração deve continuar"

Além disso, o chefe de Estado reiterou que a "desmobilização" e a "desmilitarização" terminaram, mas a "reintegração" deve continuar e será "talvez o mais difícil e exigirá a compreensão de todos".

Também por resolver continua o pagamento de pensões aos desmobilizados.

Participantes durante a celebração do fim do processo do DDR em Maputo, esta sexta-feira (23.06)
Participantes da cerimónia de celebração do fim do processo do DDR em Maputo, esta sexta-feira (23.06)Foto: Romeu da Silva/DW

O enviado pessoal do secretário-geral da ONU, Mirko Manzoni, destacou que a reintegração dos antigos guerrilheiros da RENAMO e a reconciliação são um grande desafio para o país.

"Cabe a todos nós garantir que este processo tenha continuidade e que os beneficiários do DDR, as suas famílias e as suas comunidades, continuem a beneficiar mutuamente do processo de paz durante as gerações vindouras", afirmou. 

A última base da RENAMO foi encerrada oficialmente na semana passada, em Vunduzi, no distrito de Gorongosa, província central de Sofala.