Zambézia: Jornalistas supostamente envolvidos em corrupção
7 de março de 2018A denúncia é feita pelo representante da Ordem dos Advogados na província central da Zambézia, que diz que já recebeu várias queixas dos seus clientes: há jornalistas que estão a ser acusados de corrupção.
"Temos cruzado informações e aqui há aproveitamentos. Há situações que não são reportadas pois houve aliciamento. Temos tido clientes que contam que 'fulano apareceu a pedir contrapartida para não divulgar a reportagem' e quando dizem que não têm de pagar porque não fizeram nada, aí começa a notícia a circular", revela Anastácio Nhomela, advogado da Ordem.
Esses clientes teriam, entretanto, apresentado queixa na Justiça. Contactada pela DW África, a Procuradoria da província da Zambézia remeteu esclarecimentos sobre este tema para mais tarde.
Sem surpreesas
O jornalista Jocas Achar, do jornal Notícias, diz que não está surpreendido com as acusações: "Essa informação não surpreende ninguém, pelo facto de que as informações sobre jornalistas envolvidos vinham sendo denunciadas há muito tempo. Temos jornalistas que andam atrás das fontes para negociar a sonegação de informação a troco de valores e bens materiais".
Teófilo Moronha, secretário provincial do Sindicato dos Jornalistas na Zambézia, diz ter ficado bastante preocupado com as denúncias da Ordem dos Advogados e comenta: "É de lamentar. A nossa atitude como jornalistas não pode ser condicionada ao pagamento de valores. Hoje tivemos uma reunião. Um dos assuntos que foi tratado foi este problema, que foi levantado pela Ordem dos Advogados na província da Zambézia."
"Infelizmente, a Ordem dos Advogados não aponta as pessoas. Um problema desse nível deve-se resolver indicando os factos", lamenta Moronha.
Há processos-crime contra jornalistas?
Tanto o Sindicato Nacional dos Jornalistas (SNJ), como o Instituto para a Comunicação Social da África Austral (MISA) estão neste momento a trabalhar com a Procuradoria para saber se há processos-crime em curso contra jornalistas, e apurar nomes de pessoas alegadamente envolvidas em atos de corrupção.
"Algumas denúncias chegaram até mim pessoalmente. As denúncias que vêm sobretudo de colegas das televisões. Nós não podemos aceitar que haja colegas que embargam notícias em troca de valores, obrigando fontes de informação a pagar dinheiro para embargar notícias sobre casos que julguem que podem colocar em causa a honra dessas mesmas fontes. É extremamente preocupante", conta Hamilton António, representante do MISA na Zambézia.