Moçambique: Nhongo quer retomar negociações com o Governo
8 de setembro de 2021"Eu quero que o Governo organize o seu grupo e a Junta Militar também vai organizar o seu grupo. As duas comissões vão debater, vão reivindicar o documento que a Junta Militar mandou" ao chefe de Estado, disse Nhongo, numa gravação áudio distribuída pelos órgãos de comunicação social, esta quarta-feira (08.09).
O responsável assegurou ainda que a Junta Militar, considerada a dissidência armada da RENAMO, principal partido oposição moçambicana, "nunca vai desaparecer", apesar de membros influentes do grupo dissidente terem aderido ao processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR) que está a ser implementado pelo Governo moçambicano, Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) e Nações Unidas.
O DDR enquadra-se no âmbito do Acordo de Paz e Reconciliação Nacional assinado entre o Governo e a RENAMO em agosto de 2019.
"A Junta Militar está bem. A Junta Militar nunca vai desaparecer daqui de Moçambique", frisou.
Junta Militar apontada como responsável por ataques
O grupo é apontado pelas autoridades moçambicanas como responsável por ataques armados que já provocaram a morte de pelo menos 30 pessoas, desde 2019, em estradas e povoações das províncias de Manica e Sofala, centro de Moçambique.
O grupo de Mariano Nhongo, antigo comandante da RENAMO, contesta a liderança do atual presidente do principal partido de oposição em Moçambique, Ossufo Momade, e as condições para a desmobilização.
O Acordo de Paz e Reconciliação Nacional prevê, entre outros aspetos, o desarmamento do braço armado da RENAMO, envolvendo cerca de 5.000 membros.
Embora haja desenvolvimentos no processo, com quase metade dos guerrilheiros já desmobilizados, o grupo de Mariano Nhongo continua um desafio para as partes e todas as tentativas de aproximação para um diálogo com a dissidência fracassaram.