Moçambique: Nhongo culpa Governo por falta de diálogo
5 de novembro de 2020Segundo Nhongo, a falta de sinceridade do Governo da FRELIMOem Maputo está na origem do fracasso da aproximação, que terminou em 31 de outubro, o que conduziu a nova falha na aproximação com o seu grupo.
Em declarações à agência de notícias portuguesa Lusa, Mariano Nhongo disse que durante o período em causa foram sequestrados membros da oposição. O líder dissidente da Renamo acusa as forças estatais de terem sequestrado e enforcado um delegado do partido numa localidade de Gondola (Manica) na terça-feira, dia 3 de novembro.
A falta de sinceridade originou o fracasso da tentativa de reaproximação, disse Nhongo. Acrescentou ainda que o Governo voltou a impor a adesão dos dissidentes ao processo de desarmamento, sem divulgar uma petição com as reivindicações que o grupo enviou há um ano. A divulgação tinha sido condição imposta pelo líder dissidente, que se recusa a divulgá-la unilateralmente.
O antigo estratega militar de Afonso Dhlakama, ex-presidente da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), acrescentou que perdeu a confiança no enviado especial das Nações Unidas, Mirko Manzoni, a quem denunciou novos incidentes com os membros do seu grupo. Nhongo disse que quer uma mediação equilibrada e não de um diplomata "que se encosta para um lado".
Não vamos "mimar assassinos", diz Nyusi
Entretanto, e em declarações na tarde desta quinta-feira (05.11), o Presidente moçambicano disse que a Junta Militar não está a colaborar para o diálogo e que o Estado "não vai continuar a mimar assassinos".
"Não vamos continuar a assistir e a mimar assassinos. Nós não gostaríamos de embarcar para a força, mas se for necessário, em defesa do povo deste país, cumpriremos o que a lei manda: defender Moçambique", alertou Filipe Nyusi durante um encontro com titulares dos órgãos de administração da justiça na Presidência da República, por ocasião do Dia da Legalidade, que se assinala hoje em Moçambique.
Segundo o Presidente, embora o Governo tenha decretado uma trégua unilateral de sete dias, que terminou em 31 de outubro, o grupo dissidente da RENAMO protagonizou ataques entre 26 de outubro e 03 de novembro, mostrando que não tem interesse em dialogar para a paz.
"Como podem ver, há uma ausência total de colaboração para que haja paz em Moçambique, acompanhada de pronunciamentos que podem encorajar estes atos. Trabalharemos com os comandos das Forças de Defesa e Segurança para melhor entender e definir linhas de orientação ", frisou o chefe de Estado.