Médicos norte-coreanos criam clínica clandestina em Pemba
10 de novembro de 2019No total, são seis os médicos oriundos da Coreia do Norte afetos ao Hospital Provincial de Pemba, na província de Cabo Delgado, que terão decidido montar uma clínica particular que funcionava ilegalmente. Os profissionais de saúde atendiam pacientes no bairro de Natite, em Pemba, com recurso a material do Sistema Nacional de Saúde de Moçambique.
A desativação da clínica clandestina aconteceu graças a denúncias de populares que, ao notar um movimento incomum de pacientes na zona, alertaram a Inspeção Provincial da Saúde. Acompanhados por agentes da polícia, os inspetores invadiram a residência onde funcionava a clínica particular, tendo flagrado doentes em processo de tratamento.
A operação realizada na semana passada resultou na apreensão de diverso material clínico. "Os medicamentos tal como outros materiais consumíveis saem dos nossos serviços de saúde e isto prejudica bastante o atendimento real dos nossos pacientes no hospital", afirma João Nalumbau, inspetor de saúde em Cabo Delgado.
"Eles como funcionários não estão a trabalhar sós. Acreditamos que existe o envolvimento de outros colegas [nacionais]. Nós vamos continuar para apurar como este material sai do hospital para fora", explica .
Atendimento precário
Na altura em que a clínica foi desmantelada, encontravam-se no local quatro pessoas, nomeadamente, dois doentes e seus respetivos acompanhantes. Em declarações a jornalistas, os pacientes disseram que preferiam aquela clínica, porque a qualidade dos serviços prestados era melhor que no hospital provincial.
Adamo Onofre acompanhou a esposa que sofre de problemas de saúde à clínica. "Já chegamos várias vezes no hospital e não havia resultados. Diziam-nos que essa doença era para levar lá fora [no curandeiro], mas os medicamentos de lá, ela tomava e a doença continuava. Voltamos para o hospital, a situação continuava na mesma. É por isso que nós viemos aqui", conta.
De acordo com a polícia de Cabo Delgado, houve detenções de indivíduos relacionados com o caso. E o respetivo processo-crime já foi encaminhado ao Ministério Público.
"O que podemos garantir é que esta clínica estava montada com todos os aparelhos para atender utentes. Para nós, esta é uma ação criminosa e ilegal, daí que como forma de responsabilização criminal detivemos estes indivíduos, lavramos o auto de denúncia e remetemos ao Ministério Público para outros procedimentos", diz Augusto Guta, porta-voz do Comando Provincial da Polícia.
A reportagem da DW África tentou ouvir os médicos, mas não obteve resposta. Os acusados negaram prestar declarações aos jornalistas.