Nyusi substitui ministros com olhos postos em Cabo Delgado
11 de novembro de 2021Com a mudança de nomes nos ministérios da Defesa Nacional e do Interior, o Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, afirma que está em curso uma reestruturação das Forças de Defesa e Segurança (FDS).
"Queremos que as Forças de Defesa e Segurança continuem a ser de excelência para a defesa da pátria e do interesse nacional, consolidando-se cada vez mais como uma força da unidade nacional", disse o chefe de Estado na quarta-feira (10.11), na Escola de Sargentos do distrito de Boane, província de Maputo.
"Cabe a vocês garantir a execução com sucesso da política da Defesa Nacional. Estes jovens que estão perfilados à nossa frente, para além dos que já estão nas outras missões, fazem parte de um leque muito grande de quadros que estão à vossa disposição para ajudar as orientações que estamos a transmitir", acrescentou.
Quais as consequências políticas do afastamento dos ministros?
Aos olhos de Dércio Alfazema, do Instituto para a Democracia Multipartidária (IMD), o afastamento do ministro Jaime Neto não deve afetar as operações em Cabo Delgado.
"Poderão ter um impacto político sobre a forma como estas instituições vão apresentar-se publicamente, como vão continuar a interagir, sobretudo com o Parlamento e com os outros países no âmbito do reforço para as suas capacidades", alertou.
O politólogo enaltece o papel do ministro Jaime Neto no combate ao terrorismo em Cabo Delgado, no norte do país, e à Junta Militar da RENAMO, no centro. Para Alfazema, o Presidente, Filipe Nyusi, sabe o que está a fazer.
"Pode ser que estes [antigos] ministros venham a ser aproveitados para outras áreas, mas é preciso ter em conta que o Presidente da República conhece muito bem as Forças de Defesa e Segurança", lembra.
"Ele dirigiu o comando conjunto, o comando operativo, portanto tem uma passagem pelo Ministério da Defesa Nacional e é ele que tem estado a dar a cara, que tem estado à frente de toda a estratégia para a questão do terrorismo", frisou o especialista.
Qual o destino de Jaime Neto?
Ismael Mussa, professor universitário e antigo deputado da RENAMO, também não tem dúvidas de que o ex-ministro Jaime Neto pode ser colocado noutras funções estratégicas.
"Não estou a ver isto como uma punição, não estou a ver isto como uma exoneração porque não cumpriu a sua missão. Pelo contrário, estou a ver isto como uma remodelação oportuna para melhor arrumar as peças e preparar a época chuvosa", considera.
Na opinião de Mussa, "é o momento de calmia, porque estamos a ter conquistas no campo militar, mas dentro de uma semana começa a época chuvosa e vamos precisar de forças de segurança com outra pujança".
O Major-General Cristóvão Chume será o novo responsável pela pasta da Defesa. Chume comandava o Exército desde março deste ano, dirigindo as operações no terreno, em Cabo Delgado. Antes, esteve à frente da Academia Militar e foi também diretor nacional de Política de Defesa.