Pelo menos 15 mortes após passagem do ciclone Gombe
14 de março de 2022As autoridades do Instituto Nacional de Gestão e Redução de Desastres (INGD) avançaram, numa reunião na noite desta segunda-feira (14.03), um total de 15 mortes, 50 feridos e 11 mil pessoas deslocadas, apenas na província de Nampula, após a passagem do ciclone Gombe por Moçambique.
O INGD também anunciou reforço de mais de 150 toneladas (além de 360 já disponíveis) de produtos diversos para as vítimas do ciclone Gombe, abrigadas em 22 centros transitórios instalados nos distritos mais afetados daquela província, localizada no norte de Moçambique.
Ainda assim, isso pode ser insuficiente para responder à procura. Neste momento, segundo dados ainda preliminares, mais de 9.000 pessoas foram acolhidas e estão a ser assistidas em centros transitórios instalados nos distritos costeiros da província de Nampula, os mais afetados.
A informação foi avançada por César Tembe, diretor nacional da Divisão de Prevenção e Mitigação do INGD, durante uma visita ao armazém da delegação provincial do INGD em Nampula, no domingo.
"Estamos a fazer o reforço à província, considerando que os bens que, neste momento, existem estão sendo usados. Estamos a movimentar estes recursos a partir de diversos pontos, considerando que haja necessidade que estes bens estejam o mais rápido possível aqui na província."
Mortes
As autoridades temem que o número de mortes possa aumentar nos próximos dias, à medida que for possível fazer o levantamento dos danos causados em distritos costeiros, que continuam inacessíveis.
"O que mais nos preocupa é não sabermos qual a situação da população dos distritos de Mogincual e Liúpo, que estão ali no meio, sitiados, praticamente", disse o governador da província de Nampula, Manuel Rodrigues, durante o fim de semana.
O dirigente liderou uma comitiva que tentou chegar aos dois distritos que sofreram o impacto direto quando o ciclone chegou a terra, na madrugada de sexta-feira, mas as duas vias de acesso que tentaram utilizar, ambas em terra batida, estavam intransitáveis.
Entre os muitos estragos decorrentes da passagem do ciclone Gombe, contabilizam-se habitações de construção tradicional derrubadas, telhados danificados, ou arrancados, além de campos de cultivo destruídos. Muitas famílias procuravam grãos de milho e feijões entre plantações tombadas, varridas pelo vento.
Zonas incomunicáveis, sem eletricidade
Os distritos de Mogincual e Liúpo são dois dos que continuam sem comunicações, nem energia na província de Nampula.
A falta de energia elétrica, com a rede tombada pelo ciclone, também cortou as comunicações e a interrupção de serviços bancários, causando a escassez e a especulação de preços de produtos básicos como a farinha de milho, que já é um "ouro branco" nos distritos de Mogincual e Liúpo.
Várias escolas estão parcial ou totalmente destruídas e as salas de aula que tiveram o tecto poupado pelas rajadas de ventos agora abrigam centenas de famílias desalojadas pelo ciclone, que clamam por ajuda urgente.
A travessia do rio estava a ser feita com material improvisado pelos residentes: postes de energia, troncos de árvores, tudo levado até ali pela fúria das águas.
Apesar de o ciclone ter perdido intensidade e de ser ter transformado numa depressão, continua a provocar chuva intensa e mantém-se o alerta para uma possível subida de caudal dos rios do norte e centro de Moçambique, nomeadamente o rio Licungo.
A tempestade Gombe chegou à costa moçambicana na madrugada de sexta-feira (11.03) na categoria de ciclone intenso com chuva torrencial e vento de 165 quilómetros por hora, com rajadas superiores a 200.
Segundo a Organização Internacional das Migrações (OIM), pelo menos 115 mil pessoas foram afetadas pelo ciclone Gombe em Moçambique, nas províncias de Nampula e Zambézia.