Polícia atribui ataque à "Junta Militar" da RENAMO
11 de janeiro de 2021Dias depois de relativa calma na zona centro de Moçambique, homens armados armados não identificados voltaram a perpretar ataques. A informação foi avançada por Abel Chave, parente da única vítima mortal do ataque ocorrido no último sábado (09.01) em Zove, a poucos quilómetros do posto administrativo de Muxungue, ao longo da EN1. Esta zona foi palco de ataques armados entre 2013 e 2017.
"O ataque ocorreu por volta das 19h30 a 25 quilómetros de Muxungue. Eles estavam numa coluna de mais ou menos sete ou oito camiões e o carro deles infelizmente foi o mais atingido. O meu irmão que estava lá e sofreu dois tiros na cabeça. Ele perdeu a vida no posto de saúde de Muxungue", contou Abel Chave em entrevista à DW África.
A mesma informação foi confirmada esta segunda-feira (11.01) pelo porta-voz da polícia na província de Sofala. Mas Daniel Macuacua garante que no local não há nenhum perigo, visto as Forças de Defesa e Segurança (FDS) estão posicionadas e a cumprir com a sua missão.
"Foi despachada uma equipa das FDS que continua no terreno a trabalhar, sobretudo, a efetuar a vasculha nas matas de forma a neutralizar estes bandidos. A situação operacional no centro continua mantendo-se calma e controlada", sublinhou.
"Não obstante ter ocorrido um ataque protagonizado pelos bandidos pertencentes à autoproclamada 'Junta Militar' da RENAMO. Estes que posicionados naquele troço teriam intercetado e atacado uma viatura pesada de marca Sinotruc, tendo atingido na altura um dos ocupantes de sexo masculino e de 22 anos. Este que teria contraído ferimentos graves e que, infelizmente, socorrido para o hospital de Muxungue, teria perdido a vida", declarou.
Trégua militar abalada?
Quanto ao tipo material bélico utilizado, Daniel Macuacua diz que vestígios colhidos no local mostram que fora utilizado uma arma do tipo AKM.
O ataque ocorre numa altura em que se vivia uma calmaria na região centro do país, depois de o líder da autoproclamada "Junta Militar" ter anunciado uma trégua militar. Segundo Mariano Nhongo, a trégua seria para facilitar as negociações com o Governo. A DW África tentou contatar sem sucesso a liderança da "Junta Militar".
Na semana passada, o enviado especial das Nações Unidas para Paz em Moçambique, Mirko Manzoni, saudou a posição do líder da Junta ao anunciar uma trégua militar. Manzoni tinha avançado que há ambiente propício para o diálogo entre o presidente da República, Filipe Nyusi, e Mariano Nhongo. Não se sabe ao certo a localização exata do líder do grupo dissidente, que estará nas matas entre Sofala e Manica.